
Representantes da FENATTEL, FITRATELP e FITTLIVRE — federações que reúnem 28 sindicatos e aproximadamente 1,5 milhão de trabalhadores do setor de telecomunicações — se reuniram nesta terça-feira (25), no Rio de Janeiro, com o interventor da Oi, o advogado Bruno Rezende. Durante o encontro, Rezende informou que existe a possibilidade de a Anatel direcionar R$ 530 milhões do Fust para a empresa, recurso que, caso confirmado, ajudaria a equilibrar o caixa da operadora e reduzir a pressão financeira nos próximos meses.
Segundo os dirigentes sindicais, Rezende afirmou que pretende discutir diretamente com a juíza da 7ª Vara Empresarial a destinação desse montante, que é considerado estratégico para a continuidade da operação.
O encontro abordou dois temas principais: o andamento da recuperação judicial da Oi e as pendências trabalhistas acumuladas ao longo de 2025. De acordo com Luís Antônio Silva, presidente da FITTLIVRE e do Sintel-RJ, o interventor demonstrou confiança na capacidade da empresa de se reerguer. Em vídeo gravado após a reunião, Rezende destacou que as conversas trataram tanto do processo de recuperação judicial quanto das condições dos trabalhadores e do cumprimento do plano aprovado em juízo.
Pressões trabalhistas e início das negociações do acordo coletivo
Os sindicatos também cobraram a regularização de parcelas atrasadas da participação nos resultados. Conforme relatado por Silva, o interventor indicou que, com a eventual entrada dos recursos do Fust, seria possível normalizar parte desses pagamentos. As pendências trabalhistas, segundo as federações, permanecem como um dos pontos mais sensíveis dentro da reorganização da companhia.
Rezende confirmou ainda que a primeira rodada de negociação do novo acordo coletivo está marcada para esta sexta-feira. Entre os temas que devem entrar na pauta estão propostas de pacote de saída, manutenção temporária dos planos de saúde e odontológico, além de outros itens que serão estruturados no instrumento coletivo.
Serede e fluxo financeiro em debate
Outro ponto levado pelos sindicatos foi o destino da receita mensal gerada pela Serede com a retirada de cobre, estimada em cerca de R$ 20 milhões. Atualmente, esse valor é repassado integralmente à Oi. Rezende teria se comprometido a analisar a possibilidade de redirecionar parte desses recursos para a própria Serede, além de abrir diálogo com a interventora responsável pela empresa.
Reunião ocorre após decisão que suspendeu a falência da Oi
O encontro aconteceu poucos dias após a decisão da desembargadora Mônica Maria Costa, da Primeira Câmara de Direito Privado do TJ-RJ, que suspendeu a decretação de falência da operadora feita pela 7ª Vara Empresarial em 10 de novembro. A medida, publicada em 14 de novembro, retomou o processo como recuperação judicial, permitindo a continuidade do plano aprovado pelos credores em abril de 2024.
A decisão reforçou a necessidade de manter os serviços essenciais de telecomunicações prestados pela Oi e suas controladas — ponto diretamente conectado às discussões entre o interventor e as federações, especialmente sobre preservação de contratos, operações e força de trabalho.



