
A Intel publicou um novo white paper, assinado pelo brasileiro Carlos Cordeiro, diretor de tecnologia sem fio da companhia, detalhando as propostas técnicas para o Wi-Fi 8, próxima geração do padrão IEEE P802.11bn. O documento traz as primeiras metas oficiais para a tecnologia, que deve suceder o Wi-Fi 7 nos próximos anos.
Segundo a Intel, o Wi-Fi 8 deve entregar melhorias de 25% no throughput, 25% de redução na latência e 25% menos quedas durante o roaming, com foco especial em ambientes densos — como prédios residenciais, empresas, estádios e espaços públicos.
A empresa projeta que o Wi-Fi 8 será a primeira geração baseada em conectividade determinística, garantindo estabilidade mesmo sob alta carga de tráfego. O padrão também integrará IA para gestão de rede, coordenação avançada entre múltiplos pontos de acesso e suporte nativo a recursos de sensing e proximity ranging (IEEE 802.11bf e 802.11az). Os primeiros dispositivos compatíveis devem chegar ao mercado no final de 2027.
Principais mudanças no padrão
O documento apresenta diversas atualizações no módulo físico da tecnologia. Entre elas:
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Unequal MCS, permitindo modulações diferentes em cada fluxo MIMO.
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Novos níveis intermediários de MCS: QPSK 2/3, 16-QAM 2/3, 16-QAM 5/6 e 256-QAM 2/3.
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LDPC com codewords de 3.888 bits, oferecendo maior resistência ao ruído.
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Modo de longo alcance em 2,4 GHz para dispositivos IoT.
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Distributed RU (DRU) no uplink, ampliando o alcance útil ao distribuir potência pelo canal.
Coordenação entre múltiplos pontos de acesso
Para reduzir interferências internas, especialmente em redes densas, o Wi-Fi 8 implementará mecanismos de coordenação explícita entre pontos de acesso (APs):
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Coordinated Beamforming: ajuste colaborativo das antenas.
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Coordinated TDMA: alternância de janelas de transmissão entre APs.
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Coordinated Spatial Reuse: transmissões simultâneas quando a interferência cruzada for baixa.
O padrão introduz ainda o conceito de Single Mobility Domain, permitindo que dispositivos fiquem conectados a dois APs simultaneamente durante o roaming, reduzindo quedas e interrupções.
Determinismo e otimizações de qualidade
Para aplicações sensíveis a atraso — como realidade aumentada, jogos, videoconferência e automação industrial — o Wi-Fi 8 trará recursos como:
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Prioritized EDCA, com novos níveis de prioridade para tráfego crítico.
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Low Latency Indication, permitindo que o dispositivo informe suas necessidades ao AP.
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Group TXOP Sharing, habilitando janelas de comunicação direta entre dispositivos.
Em ambientes congestionados, a tecnologia contará com:
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NPCA (Non-Primary Channel Access): alternância temporária do canal primário.
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DSO (Dynamic Sub-band Operation): comunicação simultânea com diferentes larguras de banda.
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DBE (Dynamic Bandwidth Expansion): ajuste dinâmico da largura de canal conforme interferência.
Segurança reforçada e IA integrada
A Intel também prevê melhorias significativas em segurança, como:
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Quadros de controle criptografados.
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Associação protegida pelo IEEE 802.11bi.
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Redução de fingerprinting de dispositivos.
O Wi-Fi 8 integrará, de forma nativa, Wi-Fi sensing e proximity ranging, recursos que identificam distâncias e movimentação, permitindo escolher automaticamente o ponto de acesso mais eficiente.
Apesar de não informar velocidades máximas em Gbps, o documento destaca metas relativas:
+25% de throughput, −25% de latência e −25% de perdas de pacotes em relação às gerações anteriores.



