
A indústria eletrônica sediada em Canoas (RS) tem mostrado força e capacidade de adaptação diante do aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Mesmo com o chamado “tarifaço”, as exportações do município dispararam 58,9% nos primeiros nove meses de 2025, movimentando US$ 348,1 milhões. Boa parte desse resultado vem do segmento de eletrônicos, que responde por cerca de metade do total exportado pela cidade.
Entre os principais destaques está a Novus, empresa com 230 colaboradores e que exporta 45% de sua produção. A companhia vem executando um plano robusto de expansão, que inclui R$ 15 milhões para ampliar sua fábrica de 6 mil para 10 mil metros quadrados até 2026, além de R$ 4 milhões em automação industrial. Seus produtos atendem setores variados, como indústria farmacêutica, alimentícia e de máquinas, com foco crescente no desenvolvimento de sensores e componentes de alta tecnologia.
A Novus também mantém parcerias estratégicas para inovar na cadeia produtiva. Um exemplo é o desenvolvimento de sensores de pressão com o ITT Chip e projetos acadêmicos em parceria com universidades como UFRGS e UFSM, voltados ao encapsulamento de circuitos integrados. Essas iniciativas fortalecem o ecossistema local de semicondutores e contribuem para consolidar Canoas como um polo de inovação no estado.
Para enfrentar o impacto das tarifas norte-americanas, que saltaram de 10% para 50%, a empresa adotou uma estratégia agressiva: antecipou o envio de estoque suficiente para quatro meses aos clientes dos Estados Unidos, dividindo parte do prejuízo e garantindo fornecimento contínuo. Mesmo com uma redução de cerca de 15% nas margens no Brasil, a demanda internacional se manteve aquecida.
Segundo o Sindicato das Indústrias Metalmecânicas e Eletroeletrônicas de Canoas e Nova Santa Rita (Simecan), a região reúne cerca de 107 indústrias, sendo que aproximadamente 20% atuam no setor eletrônico. Entre essas empresas, de 40% a 50% da produção é destinada à exportação. Essa vocação para o mercado externo tem ajudado a atrair investimentos e fortalecer a cadeia local de tecnologia.
No entanto, o setor ainda enfrenta desafios dentro do Brasil, especialmente pela concorrência de produtos importados a preços inferiores, vindos principalmente da China. Com a escalada global nas tarifas e tensões no mercado de semicondutores, as empresas brasileiras buscam ampliar competitividade, incentivar inovação e reduzir dependência de insumos externos.
Mesmo em um cenário desafiador, Canoas se destaca pela capacidade de reação, pelo investimento em tecnologia e por iniciativas que mantêm o setor em crescimento contínuo, reforçando sua relevância na indústria eletrônica nacional.



