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DBS desafia temores sobre bolha da IA e prevê mais de US$ 768 milhões em receita impulsionada por inteligência artificial em 2025

Banco afirma já colher resultados concretos de mais de uma década de investimentos em IA e aposta em expansão acelerada com agentes autônomos e novos serviços.

Enquanto cresce o temor de que o mercado esteja vivendo uma possível “bolha da inteligência artificial”, relatórios recentes têm sugerido que a tecnologia ainda não entregou retorno às empresas que investiram bilhões em sua adoção. Mas esse não é o cenário observado por um dos maiores bancos da Ásia.

A CEO do DBS, Tan Su Shan, afirma que a instituição já está colhendo resultados sólidos de suas iniciativas em IA — e que o impacto tende a aumentar.

“Não é sobre esperança. É agora. Já está acontecendo. E vai ficar ainda melhor”, disse Tan à CNBC durante a Singapore Fintech Week, ao comentar o efeito da tecnologia nos negócios do banco.

O DBS vem incorporando inteligência artificial em suas operações há mais de dez anos, o que permitiu criar uma base sólida de dados e processos para aproveitar as recentes inovações em IA generativa e em agentes autônomos.

A IA agente — sistemas capazes de tomar decisões, planejar e executar tarefas com mínima supervisão humana — é um dos pilares da estratégia do banco.

IA deve gerar mais de US$ 768 milhões em receita adicional

Tan projeta que a adoção de IA impulsionará a receita do DBS em mais de 1 bilhão de dólares de Singapura este ano (aproximadamente US$ 768 milhões), superando os SG$ 750 milhões gerados em 2024. Essa previsão se sustenta em cerca de 370 casos de uso de IA ativos, apoiados por mais de 1.500 modelos espalhados por toda a instituição.

Segundo a CEO, a proliferação da IA generativa tem causado um “efeito bola de neve”, acelerando ganhos operacionais e aumentando a eficiência das equipes.

Uma das áreas mais beneficiadas é a de serviços financeiros para clientes institucionais, onde modelos avançados analisam e contextualizam dados para oferecer produtos mais adequados às necessidades de cada cliente. Tan afirma que isso tornou as equipes “mais rápidas e resilientes” e contribuiu para um crescimento recente dos depósitos do banco em ritmo superior ao de seus concorrentes.

O banco também lançou o “DBS Joy”, um assistente de IA para clientes corporativos, capaz de responder dúvidas específicas sobre serviços bancários 24 horas por dia.

Debate global sobre ROI da IA

Apesar do otimismo de Tan, estudos recentes indicam que muitas empresas ainda têm dificuldade em transformar investimentos em IA em lucro real.

Um relatório do MIT divulgado em julho apontou que 95% das 300 iniciativas públicas analisadas — que somam entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões em IA generativa — não resultaram em retornos concretos.

No entanto, no setor financeiro, os sinais começam a mudar. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou recentemente que o banco já atingiu o ponto de equilíbrio em seus investimentos anuais de cerca de US$ 2 bilhões em IA, chamando isso de “apenas o começo”.

Essas expectativas também guiam a visão do DBS, que planeja acelerar ainda mais seus projetos para transformar-se em um banco orientado por IA.

Rumo a um consultor financeiro totalmente inteligente

A meta final, segundo Tan, é evoluir a IA generativa para que funcione como um verdadeiro consultor financeiro para clientes, incluindo usuários de varejo. Esses clientes deverão interagir com agentes personalizados dentro do aplicativo bancário do DBS.

Hoje, mais de 100 algoritmos de IA já analisam o comportamento dos usuários para fornecer sugestões personalizadas — desde alertas sobre possíveis déficits até recomendações de produtos e insights financeiros.

Requalificação e investimento contínuo

Mesmo com os bons resultados, Tan reconhece que o avanço da IA exigirá investimentos contínuos — tanto financeiros quanto humanos.

O banco implementou diversas iniciativas de requalificação em IA ao longo do ano e criou uma ferramenta de treinamento baseada em IA generativa para apoiar funcionários nesse processo.

Segundo a CEO, o objetivo não é reduzir equipes, mas automatizar tarefas repetitivas para que os colaboradores possam focar no relacionamento com os clientes.

“Não estamos congelando contratações. Mas isso exige requalificação. E essa é uma jornada — uma jornada sem fim, uma evolução constante”, conclui Tan.

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