
Mesmo com sinais de desaceleração da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano na reunião desta semana. Analistas apontam que a decisão reflete uma postura de prudência do Banco Central diante do cenário econômico ainda instável.
As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim de 2025 recuaram para cerca de 4,5%, após terem superado 5,5% em meados do ano. Apesar da melhora, o mercado de trabalho segue aquecido — a taxa de desemprego ficou em 5,6% no terceiro trimestre —, o que
mantém a pressão sobre os preços e impede uma redução imediata dos juros.
Outro fator de atenção é o aumento das despesas públicas, que pode gerar dúvidas sobre o controle fiscal e dificultar o trabalho do Banco Central para trazer a inflação à meta.
No mercado financeiro, a decisão de manutenção já é considerada praticamente certa: contratos futuros de juros apontam mais de 98% de probabilidade de que a Selic permaneça em 15%. Caso se confirme, será a terceira reunião consecutiva com a taxa nesse nível.
O principal foco dos analistas, no entanto, estará no comunicado que acompanha a decisão. A expectativa é que o texto reforce o compromisso da autoridade monetária com a política restritiva, sinalizando que os juros devem continuar elevados por um período prolongado.
Economistas avaliam que a instituição entrou em uma nova fase: de interrupção do ciclo de alta para uma manutenção prolongada. Cortes na Selic só devem ocorrer quando houver sinais firmes de convergência da inflação à meta. Caso o cenário evolua positivamente, as primeiras reduções de juros são esperadas apenas no início de 2026, com possibilidade de queda gradual até cerca de 12% ao ano.



