Google reforça Android com IA para detectar apps maliciosos e fraudes
Como o Android ganha proteção com inteligência artificial, varredura em tempo real e novas camadas contra golpes e aplicativos fraudulentos

O Android, sistema operacional da Google, acaba de receber uma série de melhorias significativas em segurança que combinam inteligência artificial (IA), varredura em tempo real de aplicativos e mecanismos antifraude, com o objetivo de proteger o ecossistema móvel contra ameaças cada vez mais sofisticadas. Tradicionalmente focado no monitoramento de apps no momento da instalação, o sistema agora amplia o escopo para analisar o comportamento dos aplicativos enquanto estão em uso — um passo importante para enfrentar malwares que se escondem ou ativam apenas depois da instalação.
Uma das mudanças centrais está no serviço Google Play Protect, que passa a usar modelos de IA diretamente no dispositivo para identificar apps que façam uso irregular de permissões sensíveis ou interajam de forma suspeita com outros apps ou serviços. Por exemplo, caso um app instalado tente monitorar o uso de outro app, coletar dados sem permissão ou se disfarçar para evitar verificação, o sistema poderá desligar ou isolar esse aplicativo automaticamente.
Além disso, o Android introduziu alertas em tempo real para golpes por meio de mensagens e notificações com IA integrada. No Google Messages, há agora uma detecção de padrões de conversa que tipicamente indicam fraude — desde solicitações de transferências suspeitas até esquemas de empréstimos rápidos por SMS. O navegador Google Chrome também ganhou um modelo de linguagem que identifica notificações, sites ou redirecionamentos associados a fraudes em tempo real.
Outro ponto relevante é a ampliação da verificação de aplicativos instalados por fora da loja oficial, o chamado “sideloading”. A Google anunciou que o Android 16 exigirá mais atenção ao conceder permissões a apps de fontes não verificadas, e o próprio Play Protect agora monitora esses apps com mais critério. Em relatórios recentes, a empresa indicou que já foram identificados mais de 500 mil novos apps maliciosos e emitidas milhões de alertas ou bloqueios, inclusive no Brasil.
Para desenvolver essas funções, a Google recorreu a dois vetores: primeiro, o processamento diretamente no dispositivo por meio de um núcleo isolado, que ajuda a preservar a privacidade dos usuários enquanto executa a detecção de ameaças. Segundo, o uso massivo de IA dentro da revisão de apps, permitindo que a equipe de segurança do Google Play identifique de forma mais rápida aplicativos maliciosos ou violadores.
Do ponto de vista do usuário comum, isso significa que o Android está se tornando mais proativo — não apenas escaneando apps no momento da instalação, mas monitorando-os durante o uso, detectando alterações de comportamento, permissões incomuns ou interações suspeitas. Esse modelo ajuda especialmente contra malwares que permanecem inativos inicialmente ou apps que só depois começam a agir de forma maliciosa.
Apesar de todo esse avanço, a Google reforça que não é uma solução completa por si só: boa parte da proteção ainda depende do bom senso do usuário — manter sistema e apps atualizados, evitar instalar aplicativos de fontes desconhecidas, revisar permissões concedidas e ativar funções como o Play Protect. O objetivo da empresa é tornar o smartphone Android não apenas mais seguro, mas também mais inteligente para detectar e mitigar fraudes antes que causem danos ao usuário.



