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Tarifa dos EUA ao café brasileiro aperta oferta e leva estoques ao limite

Imposto de 50% sobre o café do Brasil afeta importadores americanos, encarece o produto e coloca o mercado global sob pressão.

São Paulo, 30 de outubro de 2025 — Uma tarifa de importação de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre o café brasileiro está provocando um forte desequilíbrio no mercado internacional. A medida reduziu drasticamente o volume de grãos exportados para os Estados Unidos e elevou a preocupação entre torrefadoras e importadores, que agora enfrentam custos mais altos e estoques em queda.

Importadores pressionados e contratos canceladosEmpresas norte-americanas que já tinham contratos firmados para receber café brasileiro foram pegas de surpresa com a nova política tarifária.
Algumas decidiram cancelar as compras, mas tiveram de arcar com multas que variaram entre US$ 20 e US$ 25 por saca de 60 quilos. Outras estão recorrendo a rotas alternativas — como o envio dos grãos ao Canadá antes de sua entrada nos Estados Unidos —, uma manobra que aumenta o custo logístico e reduz margens de lucro.
De acordo com importadores, as torrefadoras estão priorizando o uso de estoques antigos e reduzindo ao máximo as compras de café do Brasil.

Oferta reduzida e grãos mais caros
O Brasil costuma fornecer cerca de 8 milhões de sacas de café ao mercado americano todos os anos. Com a nova tarifa, esse volume caiu rapidamente, levando compradores a buscar alternativas em países como Colômbia, México e Honduras.
A consequência foi imediata: o preço dos cafés dessas origens subiu em torno de 10%, enquanto os grãos brasileiros recuaram aproximadamente 5%.
Nos Estados Unidos, o impacto já chegou ao consumidor final — produtos que custavam entre 6 e 7 dólares passaram a ser vendidos por até 11 dólares.

Estoques americanos no nível mais baixo da década
Analistas do setor projetam que os estoques de café nos Estados Unidos podem cair para entre 2,5 e 3 milhões de sacas até dezembro, o nível mais baixo em dez anos.
O consumo anual do país gira em torno de 25 milhões de sacas, o que acende um alerta de desabastecimento e aumento de preços.
A combinação de oferta restrita e custos crescentes pode forçar as torrefadoras a reformular suas misturas, reduzindo a presença de grãos premium brasileiros e incorporando alternativas de menor qualidade para conter custos.

Contexto político e comercial
A medida é vista por analistas internacionais como parte de uma estratégia política do governo norte-americano para pressionar o Brasil em temas comerciais e ambientais.
Embora oficialmente apresentada como uma política de “proteção à indústria doméstica”, a tarifa acabou gerando reação negativa de importadores e associações do setor de bebidas, que apontam risco de encarecimento generalizado dos produtos derivados de café.

Um importador dos Estados Unidos resumiu a situação:
“Não é o produtor brasileiro que paga essa tarifa — somos nós e os consumidores americanos.”
Consequências para o Brasil e o mercado global
Para o Brasil, maior exportador mundial de café, a nova tarifa representa perda de competitividade e de participação no principal mercado comprador. A restrição nos EUA tende a aumentar a oferta interna e pressionar os preços internacionais para baixo, afetando produtores e cooperativas.
Já para os Estados Unidos, o cenário é o oposto: escassez e aumento de custos. A tendência é de que os preços continuem elevados até o início de 2026, especialmente se o redirecionamento de grãos brasileiros e o aumento da dependência de outros fornecedores persistirem.

O que esperar dos próximos meses
Especialistas acreditam que a situação só deve se estabilizar caso haja uma revisão nas tarifas ou um acordo comercial entre os dois países. Até lá, a cadeia global do café deve conviver com incertezas, custos elevados e margens apertadas.
“O café brasileiro é essencial para equilibrar o mercado. Sem ele, o preço global perde referência”, avalia um analista de commodities.

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