
O começo de um império cinematográfico
A história da Warner Bros. é, por si só, uma narrativa digna de cinema. Fundada por quatro irmãos imigrantes judeus poloneses na virada do século XIX para o XX, a companhia começou como uma pequena sala de exibição na Pensilvânia. Em meio a boicotes e pressões do monopólio de Thomas Edison, os irmãos Warner decidiram cruzar o país rumo à Califórnia — ainda uma região de plantações de laranja — e ergueram o primeiro grande estúdio em Hollywood.
Foi lá que a Warner fez história ao criar o primeiro filme falado, um marco que transformou para sempre a indústria cinematográfica. Desde então, o estúdio se consolidou como um dos pilares de Hollywood, responsável por clássicos, franquias multimilionárias e inovações tecnológicas.
O império que mudou de donos — e de rumos
Ao longo das décadas, a Warner passou por inúmeras fusões e aquisições. Da era dourada dos estúdios aos conglomerados de telecomunicação, o estúdio sobreviveu a todas as transformações do setor.
A mais recente, em 2022, foi a fusão entre a WarnerMedia (então sob o comando da AT&T) e a Discovery, que deu origem à Warner Bros. Discovery (WBD) — uma aposta para competir com gigantes como Netflix, Disney e Amazon.
Mas a promessa de criar um colosso do streaming veio acompanhada de um peso imenso: uma dívida de mais de US$ 50 bilhões, resultado de anos de expansão agressiva e altos custos com conteúdo original.
WBD oficialmente à venda
Em outubro de 2025, a Warner Bros. Discovery surpreendeu o mercado ao confirmar oficialmente que está aberta para ser adquirida. O anúncio confirmou rumores que circulavam há meses e revelou que a empresa está avaliando “alternativas estratégicas” para maximizar o valor de seus ativos.
Segundo o CEO David Zaslav, a decisão veio após o recebimento de múltiplas propostas de compra, tanto pelo conglomerado completo quanto apenas pela divisão de estúdios e streaming. A Goldman Sachs foi contratada para avaliar as ofertas e orientar o processo.
Quem quer comprar a Warner?
A corrida pela WBD começou. Entre os principais interessados está a Paramount Skydance Corporation, liderada por David Ellison (filho do fundador da Oracle, Larry Ellison). A Paramount chegou a oferecer US$ 20 por ação, proposta inicialmente rejeitada pela Warner, mas deve apresentar uma nova oferta em torno de US$ 24 ou mais.
Outros gigantes também observam o movimento. A Comcast, dona da NBCUniversal, surge como forte concorrente, com cerca de US$ 10 bilhões em caixa e grande interesse no catálogo da HBO Max.
Netflix e Amazon aparecem como possíveis compradoras, embora ambas tenham adotado uma postura cautelosa — a primeira focada em crescimento orgânico, e a segunda mais seletiva em suas aquisições.
Poucas empresas no mundo possuem um acervo tão valioso quanto a Warner Bros. Discovery.
Entre suas joias estão Harry Potter (avaliado em US$ 34,5 bilhões), Batman (US$ 29,6 bilhões), Game of Thrones, Succession, Looney Tunes, além de todo o universo DC.
Em 2025, os estúdios ultrapassaram a marca de US$ 4 bilhões em bilheteria global, impulsionados por lançamentos como Superman e Minecraft.
Esse portfólio é o que torna a Warner um alvo tão cobiçado — e o que também dificulta a negociação. O valor real da empresa é alto demais para ser “vendido com desconto”, como destacam analistas do Bank of America e do Wells Fargo.
O que está em jogo
Se a venda se concretizar, a Warner Bros. Discovery poderá redefinir o futuro de Hollywood.
Uma aquisição pode:
- consolidar ainda mais o mercado de mídia e streaming,
- aliviar a dívida bilionária da WBD,
- e alterar profundamente o equilíbrio de poder entre os grandes estúdios.
Por outro lado, a transação enfrenta desafios regulatórios e a resistência de acionistas que esperam um valor justo pelos ativos.
Entre passado glorioso e futuro incerto
Da invenção do cinema falado à revolução do streaming, a Warner Bros. sempre esteve no centro das grandes transformações da indústria. Hoje, mais de um século depois de sua fundação, o estúdio se vê novamente diante de uma encruzilhada.
A venda — ou reestruturação — da Warner Bros. Discovery não é apenas uma transação bilionária. É um capítulo decisivo na história do entretenimento global, que pode definir quem comandará o imaginário coletivo das próximas gerações.
Fontes: The Verge, CNBC, Bank of America, Wells Fargo, NYPOST e o canal Guerra dos Streammings.



