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Indústria moveleira gaúcha busca novos mercados após impacto das tarifas dos EUA

Setor aposta em diversificação e adaptação de produtos para manter exportações diante de queda acentuada nas vendas ao mercado norte-americano

A indústria moveleira do Rio Grande do Sul vive um momento de reestruturação após ser duramente afetada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo dados da Movergs, entidade que representa o setor, a sobretaxa de 50% resultou em uma retração de mais de 23% nas exportações para o mercado norte-americano entre janeiro e setembro de 2025, chegando a quase 47% de queda apenas no último trimestre.

Para enfrentar esse cenário, as empresas gaúchas estão redirecionando seus esforços para novos destinos comerciais. Países como Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Peru, México, China e até algumas nações africanas passaram a ser considerados estratégicos para compensar a perda de espaço nos Estados Unidos. Segundo o presidente da Movergs, Euclides Longhi, a diversificação é essencial, mas exige tempo e investimento em adaptação: “Ajustar o portfólio para as exigências de outros mercados é um processo gradual, e seguimos esperançosos por um acordo entre Brasil e EUA que alivie as tarifas de importação.”

O impacto mais forte recai sobre os móveis de madeira maciça e molduras, segmentos que dependiam fortemente das vendas para o mercado americano. Já os produtos fabricados em painéis, com maior flexibilidade de adaptação, têm mostrado desempenho mais estável. Apesar das dificuldades, o setor moveleiro gaúcho registrou apenas uma leve retração de 1% nas exportações totais de janeiro a setembro de 2025, com um faturamento de US$ 185,6 milhões, praticamente estável em relação ao ano anterior.

Com cerca de 2.400 empresas e mais de 36 mil empregos diretos, a indústria moveleira do Rio Grande do Sul representa 15% do faturamento nacional do setor. Para sustentar o crescimento, as fabricantes têm apostado em feiras internacionais, modernização de processos e parcerias estratégicas. Uma das principais ações previstas é a participação em um grande evento na China, em março de 2026, voltado à promoção dos móveis brasileiros no mercado asiático.

O desafio agora é transformar a crise provocada pelas tarifas em uma oportunidade de expansão global, consolidando o setor gaúcho como referência em design, qualidade e competitividade no cenário internacional.

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