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Indústria brasileira do trigo reforça papel estratégico diante de desafios globais

Setor discute autossuficiência, inovação e impactos da reforma tributária durante congresso internacional no Rio de Janeiro

A indústria brasileira do trigo reafirmou seu papel estratégico na economia nacional e no cenário global durante o 32º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 21 e 22 de outubro de 2025. O evento, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), reuniu representantes do setor, autoridades e especialistas para discutir os rumos da cadeia produtiva diante de desafios econômicos e geopolíticos que afetam o abastecimento mundial.

De acordo com o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, o volume de moagem de 13,2 milhões de toneladas registrado em 2024 mostra a maturidade e a relevância do setor, que reúne mais de 150 empresas responsáveis por cerca de 80% da produção nacional. Mesmo com esse avanço, o Brasil ainda depende de importações para atender parte da demanda interna e precisa investir em políticas de incentivo à produção local, inovação e sustentabilidade.

Entre os principais temas debatidos no congresso, a reforma tributária foi destaque. Especialistas e empresários apontaram que as mudanças previstas para 2026 exigem um novo preparo da cadeia do trigo, especialmente para moinhos e processadores. A reestruturação fiscal, afirmam, vai além da questão tributária e deve impactar diretamente a competitividade e os custos de operação no setor.

Outro ponto de destaque foi a busca pela autossuficiência na produção. Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária reforçaram o compromisso do governo em adotar políticas voltadas à expansão sustentável do cultivo de trigo, reduzindo a dependência externa e fortalecendo a segurança alimentar do país. A ampliação da produção nacional é vista como uma estratégia não apenas econômica, mas também geopolítica, considerando os efeitos das tensões internacionais sobre o comércio global de grãos.

Os debates também abordaram a importância da inovação tecnológica e da gestão moderna para o fortalecimento da cadeia produtiva. Segundo os participantes, o uso de novas tecnologias, aliado a processos mais eficientes e sustentáveis, é fundamental para aumentar a produtividade e reduzir custos em toda a cadeia — da lavoura ao processamento industrial.

A indústria do trigo movimenta atualmente cerca de R$ 26 bilhões por ano e gera aproximadamente 30 mil empregos diretos, com forte concentração nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios como a volatilidade de preços internacionais, os impactos de crises geopolíticas e as mudanças climáticas que afetam a oferta global do cereal.

Os participantes do congresso destacaram que o momento é de transição e planejamento estratégico. A meta é transformar o Brasil em um país mais autossuficiente e competitivo, capaz de reduzir vulnerabilidades externas e consolidar uma cadeia de valor mais integrada e sustentável.

Para os representantes da Abitrigo, o futuro do setor depende da capacidade de unir inovação, eficiência e políticas públicas sólidas. Se o país conseguir avançar nesses pilares, o trigo brasileiro poderá ocupar um espaço de protagonismo global — fortalecendo o agronegócio nacional e garantindo segurança alimentar em meio às incertezas do cenário internacional.

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