
A Netflix registrou no terceiro trimestre de 2025 uma despesa de aproximadamente US$ 619 milhões relacionada a uma disputa tributária com as autoridades brasileiras. O valor, contabilizado como custo de receita, reduziu a margem operacional global da empresa em mais de cinco pontos percentuais, segundo o relatório financeiro divulgado em 21 de outubro.
A cobrança se refere à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Tecnologia, tributo sobre remessas ao exterior que envolvem transferência de tecnologia. De acordo com o diretor financeiro global Spencer Neumann, a disputa diz respeito a pagamentos de serviços entre a filial brasileira e a matriz nos Estados Unidos.
“Não se trata de imposto de renda, mas de um custo de fazer negócios no Brasil. É um tributo de 10% sobre certos pagamentos feitos por entidades brasileiras a empresas estrangeiras. Não é específico da Netflix, nem do setor de streaming”, explicou Neumann.
Em primeira instância, a Netflix havia obtido decisão favorável em 2022, entendendo que o imposto não se aplicava às suas operações. Contudo, em agosto de 2025, o Supremo Tribunal Federal ampliou a incidência da CIDE-Tecnologia, incluindo serviços sem transferência tecnológica.
Por isso, a empresa passou a considerar a perda provável e registrou a despesa no trimestre, abrangendo o período de 2022 ao terceiro trimestre de 2025 — cerca de 20% referente a 2025 e o restante aos anos anteriores. Sem esse impacto, a margem operacional teria superado a previsão de 31,5%, encerrando o trimestre em 28,2%.
Apesar da despesa, os resultados financeiros da Netflix se mantiveram sólidos:
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Lucro líquido: US$ 2,55 bilhões (+9% em relação ao ano anterior)
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Receita: US$ 11,5 bilhões (+17% em comparação com 2024)
Neumann destacou ainda que o caso brasileiro é único, sem equivalentes nos demais mercados em que a empresa atua:
“Nenhum outro imposto se comporta como este em qualquer grande país em que operamos.”