
O Brasil iniciou os testes de um novo supercomputador meteorológico que promete revolucionar a previsão de chuvas, secas e desastres naturais no país. Instalado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), em Cachoeira Paulista (SP), o sistema é seis vezes mais rápido que o modelo anterior, Tupã, em operação desde 2010.
Com capacidade para realizar trilhões de cálculos por segundo, o equipamento permitirá gerar previsões detalhadas por bairro e indicar o minuto exato em que uma chuva ou frente fria atingirá determinada área.
O projeto recebeu R$ 200 milhões em investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio da Finep. Além do supercomputador, a estrutura conta com um datacenter de grande porte e um sistema de energia solar previsto para 2026, que abastecerá toda a operação. O custo anual de manutenção estimado é de cerca de R$ 6 milhões, considerando o consumo energético e a refrigeração exigida.
A atualização multiplica por 24 a capacidade de armazenamento de dados e reduz o tempo de processamento de três horas para apenas minutos. Assim, o Inpe poderá atualizar os modelos climáticos a cada seis horas, quase em tempo real. “A gente vai conseguir dizer, com riqueza de detalhes, em que rua vai chover e em qual não. Essa precisão pode salvar vidas”, afirmou o meteorologista Gilvan Sampaio, pesquisador do Inpe. A resolução espacial das previsões passa de 7 km² para até 1 km² em regiões metropolitanas.
O sistema permitirá alertas antecipados de desastres, como os registrados em São Sebastião (SP) e no Rio Grande do Sul, planejamento agrícola mais preciso, gestão energética ajustando o uso de hidrelétricas conforme o volume de chuvas e monitoramento da qualidade do ar, auxiliando na saúde pública durante queimadas.
Além disso, o supercomputador executará modelos climáticos de longo prazo, permitindo que o Brasil acompanhe os efeitos das mudanças climáticas e desenvolva ações de adaptação e mitigação com base em dados científicos.
O equipamento ainda está em fase de testes e deve entrar em operação plena em dezembro. O nome oficial será escolhido por votação popular no site do Inpe. “Esse salto tecnológico coloca o Brasil entre os países mais avançados da América do Sul em previsão e pesquisa climática”, destacou Ivan Márcio Barbosa, coordenador de infraestrutura de dados e supercomputação do Inpe.