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Encomendas à indústria dos EUA caem 4,8% em junho após alta recorde em maio

Queda foi puxada por forte recuo nos pedidos de aeronaves e sinaliza enfraquecimento da demanda industrial

Dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos mostraram que as encomendas à indústria recuaram 4,8% em junho, totalizando aproximadamente US$ 611,7 bilhões, revertendo um avanço de 8,3% em maio. Essa retração ocorre na esteira de uma forte queda nos pedidos de aeronaves comerciais, que reverteram o impulso que havia impulsionado o mês anterior.

Apesar da queda mensal, no acumulado de 12 meses as encomendas cresceram 3,8% ano a ano, o que indica resiliência estrutural do setor

Transporte e bens duráveis: contrastes na performance

  • Os pedidos de equipamentos duráveis — produtos com vida útil superior a três anos — despencaram 9,3%, influenciados pela queda de 51,8% nos pedidos de aeronaves não relacionadas à defesa .

  • Excluindo transporte, as encomendas de bens duráveis subiram modestamente 0,2%, marcando o terceiro ganho mensal consecutivo .

  • Já os “core orders” (excluindo defesa e transporte), considerados um indicador da confiança das empresas em investir, registraram queda de 0,7% em junho, interrompendo uma alta de 2% em maio. Os embarques desses bens cresceram 0,4%, contribuindo positivamente para o PIB .

    Indústria segue em contração com perspectivas sombrias

    O PMI da manufatura, divulgado pelo ISM, também mostrou retração em julho: o índice ficou em 49,0, no quarto mês consecutivo de queda. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade industrial, que responde por 10,2% do PIB americano .

    A parcela de novos pedidos ficou em 46,4, refletindo contração profunda, enquanto o índice de emprego chegou a 45,0, o menor número em cinco anos, evidenciando cortes expressivos de pessoal em meio à incerteza . Os fornecedores continuam enfrentando atrasos logísticos, e o índice de preços pagos continuou elevado, refletindo pressão de custos causados por tarifas .

    Contexto e perspectiva: cenário desafiador em meio às tarifas

    A volatilidade registrada em maio, motivada pelos pedidos atípicos da Boeing, ilustra o impacto das políticas tarifárias do governo Trump sobre os custos das matérias-primas. As tarifas elevadas sobre importações continuam tensionando o setor, gerando incerteza e tornando difícil a tomada de decisão sobre novos investimentos .

    Ainda que alguns segmentos — como automóveis, que registraram alta de 0,9% — apresentem sinais de recuperação, a maioria dos setores mantém comportamento cauteloso diante da volatilidade global e do ambiente político-econômico incerto .

 

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