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Tarifaço de Trump pesa na siderurgia brasileira

O setor siderúrgico brasileiro entrou em alerta máximo com a decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, medida que atinge especialmente o aço exportado pelo Brasil

Mais de 50% das exportações de aço brasileiras em 2024 tiveram os EUA como destino. Em valor, aço e alumínio brasileiros somaram US$ 4,14 bilhões para o mercado americano em 2024 . Empresas como Ternium, ArcelorMittal Brasil, Usiminas e CSN estão entre as mais afetadas, já que exportam volumes significativos ao país americano

Segundo estudo do Ipea, o setor siderúrgico brasileiro poderá perder até US$ 1,5 bilhão em exportações com a nova taxação, além de sofrer queda de produção da ordem de 700 mil toneladas
 Outros impactos previstos incluem:

  • Queda de 11,3% nas exportações de aço;

  • Redução de 2,2% na produção nacional;

  • Elevação de 1,1% nas importações do setor

    Apesar disso, o impacto no PIB brasileiro é estimado como mínimo, inferior a 0,01%

    Junto ao governo federal, o setor siderúrgico tem buscado vias diplomáticas para reverter ou mitigar os efeitos das tarifas, apelando à manutenção de cotas que existiam no primeiro mandato de Trump, Durante encontros em Brasília, lideranças do Instituto Aço Brasil defenderam negociações técnicas com o Canadá e o México, que também enfrentam medidas protecionistas negociadas sob o USMCA.

    Estados exportadores como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo estão mais expostos aos impactos, com Minas direcionando cerca de 25% de sua produção a mercados americanos. O restante segue para mercados diversificados — China, Japão e Coreia do Sul — o que ajuda a atenuar o impacto global da crise.

    Empresas como a Gerdau devem sofrer menos, pois menos de 10% de suas exportações se destinam à América do Norte e a própria Gerdau possui operações significativas nos EUA

    A estratégia adotada por Trump vai além do aço: tarifas sobre outros setores como produtos químicos, cobre e eletrônicos também estão em curso ou em estudo, O setor químico já registra cancelamentos de contratos com os EUA desde a ameaça tarifária.

    O Brasil já reconheceu que um acordo com os EUA pode não sair até o prazo de agosto. O vice-presidente Alckmin e o governo reforçam postura de diálogo, mas mantêm firmeza na defesa da soberania e na proposta de reciprocidade econômica, conforme previsto em legislação nacional.

    O tarifaço de Trump representa um desafio significativo para a siderurgia brasileira, tanto em termos comerciais quanto estratégicos. Com exportações concentradas nos EUA, o setor enfrenta a urgente necessidade de diversificação de destinos e reaproximar-se de mercados como Europa, Ásia e Mercosul. O diálogo com os EUA continua, mas o tempo até o início das tarifas é curto — e a pressão por respostas concretas só aumenta.

    O setor espera que o governo brasileiro obtenha concessões que preservem as exportações semiacabadas e mantenham empregos e investimentos em indústrias chave da economia nacional.

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