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Transição energética no Brasil: exposição no SESI Lab mostra caminhos para o futuro sustentável

Evento destaca desafios, inovações e o papel da indústria brasileira na redução das emissões e no uso de fontes renováveis

Em cartaz até setembro de 2025, no SESI Lab, em Brasília, a exposição “Energia, Sou Watt?” convida o público a uma jornada interativa sobre os impactos da energia no planeta e a urgência da transição energética. O foco é mostrar como a substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis pode frear o aquecimento global e garantir um futuro mais sustentável.

O tema central da exposição está alinhado ao objetivo principal do Acordo de Paris, assinado por 195 países, incluindo o Brasil: limitar o aumento da temperatura média global. Para isso, é essencial reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, causadas principalmente pela queima de carvão, petróleo e gás natural.

Brasil avança com matriz energética mais limpa

Atualmente, cerca de 65% da produção global de eletricidade ainda depende de combustíveis fósseis. No entanto, o Brasil se destaca por sua matriz elétrica mais limpa. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o país conta com 55,3% de energia hidrelétrica, 14,1% de eólica e 9,3% de solar, além de outras fontes renováveis.

A indústria brasileira tem contribuído significativamente para essa transição. Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 48% das empresas investiram em fontes renováveis em 2024, contra 34% em 2023. No Nordeste, esse número chegou a 60%. A principal estratégia é a autoprodução de energia, especialmente como forma de reduzir custos operacionais.

“O crescimento no investimento em fontes limpas mostra que a indústria nacional está comprometida com a sustentabilidade e reconhece seu papel na luta contra as mudanças climáticas”, afirmou Roberto Muniz, diretor da CNI.

Biocombustíveis e economia circular: destaques nacionais

Outro ponto de destaque da exposição é a liderança brasileira na produção de biocombustíveis. Em 2023, o país produziu aproximadamente 43 bilhões de litros de etanol e biodiesel, segundo o Anuário Estatístico Brasileiro do setor. A indústria de biocombustíveis também se sobressai em práticas de economia circular — mais de 82% das empresas do setor já adotam ações sustentáveis.

A mostra também surpreende os visitantes ao apresentar fontes inusitadas de biocombustíveis que estão em fase de pesquisa, como algas marinhas, cascas de frutas, resíduos de café, plástico reciclado e até fezes humanas. Um ponto importante levantado é que essa expansão deve ser feita com responsabilidade ambiental, evitando, por exemplo, o aumento do desmatamento.

Indústria automobilística aposta em soluções híbridas

Durante o Festival Energia, realizado pelo SESI Lab, especialistas do setor destacaram o papel da inovação tecnológica na mobilidade sustentável. Bruno Ambrósio, da Toyota Brasil, apontou o etanol como uma solução de descarbonização quase imediata:

“Um veículo híbrido flex, que combina eletrificação e biocombustível, pode reduzir em até 70% a emissão de carbono”, afirmou.

Energia como direito e inclusão social

A transição energética também precisa ser justa e acessível. No mundo, cerca de 760 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA). No Brasil, a cobertura elétrica atinge 99,8% dos domicílios, mas barreiras como o custo da energia e o isolamento de comunidades ainda persistem.

A energia solar surge como alternativa promissora. Hoje, 22,2% da capacidade instalada no Brasil já vem da energia fotovoltaica, principalmente em residências. Projetos como os da organização Litro de Luz, que cria soluções de baixo custo com lampiões e postes solares, vêm transformando comunidades isoladas — mais de 30 mil pessoas impactadas em 140 localidades.

Economia verde e oportunidades de desenvolvimento

A transição energética também é uma porta de entrada para a economia verde, desde que pensada com foco no desenvolvimento local e na geração de renda. Como destacou Rosana Santos, do Instituto E+:

“Se a transição não for inclusiva, ela pode ampliar desigualdades. O objetivo não é só descarbonizar, mas transformar a estrutura econômica e criar empregos de qualidade”.

O Brasil, com uma indústria de baixa emissão comparada a outros países, está em posição estratégica para atrair investimentos internacionais. Incentivos fiscais e políticas públicas podem viabilizar a competitividade de soluções sustentáveis.

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