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Indústrias do RS alertam para até 145 mil demissões por tarifa dos EUA: setor pede ação urgente do governo

Empresários gaúchos se reúnem com Alckmin e apontam tarifa de 50% como uma "segunda enchente" para o estado

Os industriais do Rio Grande do Sul levaram, nesta segunda-feira (21), suas principais reivindicações ao presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB), diante dos impactos imediatos causados pelo novo tarifaço imposto pelos Estados Unidos. A medida, que prevê uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, pode gerar até 145 mil demissões no estado, segundo estimativas da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do RS).

O presidente da entidade, Claudio Affonso Amoretti Bier, comparou os efeitos econômicos da tarifa às enchentes que devastaram o estado no primeiro semestre de 2024: “É como se fosse uma segunda enchente para o nosso estado”, disse. Mais de 180 pessoas morreram e 96% do território gaúcho foi afetado pelas chuvas entre abril e maio deste ano.

De acordo com Bier, as empresas já começaram a conceder férias coletivas como estratégia para ganhar tempo e evitar demissões em massa. “A demissão será o segundo momento, caso não haja um acerto entre o governo brasileiro e o norte-americano”, alertou o industrial.

A Fiergs liderou uma comitiva de empresários de setores altamente dependentes das exportações para os EUA — como móveis, couro, plástico e madeira — até Brasília. Neste último, 90% da produção está concentrada na região Sul. Segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), empresas já estão executando medidas emergenciais, enquanto outras planejam cortes no quadro de funcionários.

Durante a reunião, os industriais foram informados de que a taxação valerá inclusive para mercadorias já vendidas e em trânsito, caso desembarquem em território norte-americano após 1º de agosto. Diante disso, várias empresas tentaram acelerar o envio por via aérea, mas os voos já estavam completamente lotados.

Apesar das dificuldades, Bier considerou a reunião produtiva. “O vice-presidente Alckmin falou em diálogo e isso nos deixou animados. Não tem outra maneira de resolver esse problema a não ser com muita conversa. Um confronto seria pior — não se pode dar ‘canelada’ em gigante”, afirmou.

Alckmin coordena o comitê interministerial criado para lidar com o impacto das novas tarifas e vem mantendo conversas com o setor produtivo desde o dia 15 de julho. Empresários pedem uma postura diplomática do governo federal para evitar uma escalada na tensão comercial, além de pressionar por um pedido formal de adiamento da tarifa, para permitir negociações e adaptação.

Uma notícia surpreendente foi compartilhada por Bier durante o encontro: importadores de laranja dos EUA estariam processando a Casa Branca, o que pode abrir uma brecha para revisão da medida. “Talvez venha de lá alguma solução”, afirmou.

Por fim, o presidente da Fiergs criticou a alíquota imposta ao Brasil, considerando o histórico de parceria entre os países. “É uma medida descabida, principalmente se compararmos com as tarifas menores aplicadas a países como China e Venezuela, com os quais os EUA têm até mais conflitos”, concluiu.

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