
A OpenAI surpreendeu o setor de tecnologia ao anunciar a compra da startup io por US$ 6,5 bilhões — uma aposta estratégica que visa reposicionar a empresa não apenas como líder em software de inteligência artificial, mas também como protagonista no desenvolvimento de dispositivos físicos impulsionados por IA. A grande estrela dessa movimentação é Jony Ive, lendário designer responsável por ícones como o iPhone e o Apple Watch, que agora assume a liderança criativa dos novos produtos da OpenAI.
A operação não apenas marca a entrada oficial da OpenAI no mercado de hardware, mas também envia um recado claro ao Vale do Silício: a próxima geração de dispositivos computacionais poderá nascer não nos escritórios da Apple ou da Microsoft, mas nos laboratórios onde a IA generativa é desenvolvida. Sam Altman, CEO da OpenAI, revelou que a colaboração com Ive e seu estúdio LoveFrom já ocorre discretamente há dois anos — e que a fusão era um passo natural para concretizar uma visão comum de um novo paradigma computacional.
A io, criada por Ive com os experientes executivos Scott Cannon, Evans Hankey e Tang Tan, foi concebida com um objetivo ousado: imaginar e materializar produtos que coloquem a inteligência artificial no centro da experiência do usuário. Com uma equipe formada por engenheiros veteranos, cientistas, pesquisadores e designers com décadas de experiência conjunta, a startup foi construída como um hub criativo de elite — agora totalmente integrado à estrutura da OpenAI.
Essa movimentação coloca pressão direta sobre gigantes tradicionais da tecnologia. A Apple, por exemplo, vem enfrentando críticas por seu avanço lento na integração de IA generativa aos seus produtos, e viu suas ações recuarem 2,3% após a divulgação do negócio. A entrada da OpenAI no segmento de hardware também levanta questionamentos sobre o futuro do smartphone como principal dispositivo de acesso à tecnologia. O novo projeto liderado por Ive pretende justamente redesenhar essa lógica, criando uma alternativa de interface mais fluida e integrada com assistentes de IA — o que pode significar o início do fim da era do touchscreen como a conhecemos.
Mais do que uma aquisição, a fusão da io com a OpenAI sinaliza o nascimento de uma nova categoria de produto: dispositivos criados sob medida para interagir com inteligências artificiais avançadas, com usabilidade pensada desde a raiz. O projeto, ainda mantido sob sigilo quanto aos detalhes técnicos, promete entregar uma experiência intuitiva e poderosa, guiada por design centrado no ser humano — uma filosofia que acompanha Ive desde os tempos da Apple.
Na carta que anunciou a união, Altman reforçou que o objetivo é ambicioso: criar uma nova família de produtos que empoderem pessoas e elevem a forma como interagimos com a tecnologia. “Essa jornada exige um time com coragem para reimaginar o que é possível”, afirmou. Com isso, a OpenAI aposta que a próxima grande revolução tecnológica será não apenas cognitiva, mas também sensorial — e começa agora, com design, bilhões de dólares e inteligência artificial como matéria-prima.
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