Após meses de desgaste com o mercado e a opinião pública, a Tesla voltou a chamar a atenção dos investidores ao registrar uma alta de 2,1% em suas ações na quinta-feira (29/05). O impulso veio logo após o anúncio de que Elon Musk deixará sua posição no Departamento de Eficiência Governamental, órgão ligado ao governo Trump. A decisão foi interpretada por analistas como um gesto de retorno ao foco tecnológico e empresarial, sinalizando que Musk pretende priorizar os projetos de inovação da montadora.
O afastamento de Musk do cenário político também é visto como um reposicionamento estratégico da marca, encerrando um período marcado por polêmicas e críticas. A aproximação com o ex-presidente dos EUA e as doações eleitorais milionárias — que chegaram a US$ 300 milhões em 2024 — afastaram parte do público jovem e progressista, que chegou a organizar boicotes aos produtos da empresa. Agora, com o reposicionamento, há uma recuperação não apenas da imagem institucional, mas também do apetite dos investidores.
Essa retomada de confiança foi impulsionada por uma agenda ambiciosa da Tesla. Entre as promessas mais aguardadas está o lançamento de táxis autônomos em Austin, no Texas, já para o mês de junho. Paralelamente, a empresa intensifica investimentos em robótica com o projeto Optimus, que desenvolve robôs humanoides com foco em tarefas domésticas e industriais. A combinação entre despolitização e inovação tem reacendido o otimismo do mercado, como apontou Dan Ives, analista da Wedbush Securities: “Estamos vendo o encerramento de um ciclo tóxico para os negócios da Tesla”.
O reflexo também chegou ao Brasil, com a valorização do BDR TSLA34, ativo negociado na B3 que espelha os papéis da Tesla na bolsa americana. Isso tem elevado o interesse dos investidores brasileiros, mesmo sem a Tesla ter operações diretas no país. A influência da marca, no entanto, vai além do mercado financeiro — ela tem moldado o ecossistema de startups ligadas à mobilidade elétrica e energias limpas, criando um efeito de vitrine que reforça sua liderança simbólica no setor.
A consultoria Morningstar destacou que, embora a saída de Musk de sua função no governo não implique mudanças na estrutura da companhia, ela contribui para diminuir o ruído político e melhorar a percepção do mercado quanto à governança da empresa. Em um momento de transição global para tecnologias limpas e automação, a Tesla parece retomar sua narrativa de disrupção, agora com menos interferências externas e mais atenção ao seu DNA de inovação.
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