
Um novo sistema de autenticação de chamadas já está em operação em parte dos celulares brasileiros, com o objetivo de coibir golpes telefônicos e chamadas automáticas conhecidas como robocalls. Batizada de Origem Verificada, a tecnologia foi desenvolvida por operadoras em conjunto com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e ainda está em fase inicial de implementação no país.
O diferencial da ferramenta é permitir que o consumidor veja, antes de atender, o nome da empresa que está fazendo a ligação — e em alguns modelos, até o motivo do contato. Para o usuário, o serviço é gratuito e não exige instalação de aplicativos, mas sua ativação depende de dois fatores: o aparelho ser compatível com a tecnologia e a empresa responsável pela ligação contratar o serviço.
Até agora, poucas empresas aderiram. A ABR Telecom, organização encarregada pela gestão do sistema, confirmou que o número de companhias que utilizam a tecnologia ainda é pequeno. Das instituições financeiras consultadas, apenas o Bradesco respondeu, afirmando que está em fase de testes. Já a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), que representa empresas de telemarketing, informou que suas associadas estão testando a ferramenta.
Para funcionar, o Origem Verificada exige conexão com redes 4G ou 5G e dispositivos com sistemas operacionais mais recentes. Modelos da Apple com iOS 18.2 (do iPhone 11 em diante) exibem nome, número e logotipo da empresa. Já aparelhos da Samsung com Android 14, como os Galaxy S22 e S23, conseguem exibir, além dessas informações, um selo de verificação, o motivo da ligação e o aviso “número validado”. Outros aparelhos com Android entre as versões 11 e 14 também são compatíveis, mas com menor riqueza de detalhes na identificação.
A expectativa da Anatel é que, até meados de 2025, cerca de 75% dos smartphones em uso no Brasil sejam capazes de receber chamadas autenticadas.
A tecnologia empregada segue um padrão internacional chamado STIR/SHAKEN. O sistema verifica, em tempo real, se o número que aparece na tela corresponde de fato à empresa responsável pela ligação. Essa autenticação é feita por meio de um banco de dados centralizado e atualizado pelas operadoras de telefonia.
O foco principal da iniciativa é dificultar práticas de spoofing, quando golpistas se passam por instituições confiáveis utilizando números falsos, muitas vezes com prefixos 0800, para enganar os consumidores e obter dados sensíveis, como senhas e códigos de segurança. Uma das vítimas desse tipo de fraude, mostrada em reportagem televisiva, perdeu R$ 7.800 após ser induzida a fornecer informações a um falso call center.
Além disso, a ferramenta atua contra as robocalls, ligações automáticas que caem assim que são atendidas. Esse tipo de chamada serve para identificar se o número do usuário está ativo, abrindo caminho para ataques mais elaborados.
O alerta continua valendo: nunca forneça informações pessoais por telefone. A expectativa é que, com a ampliação da adesão das empresas e o avanço da tecnologia, o sistema Origem Verificada se torne um importante aliado na proteção do consumidor brasileiro.
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