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Inteligência artificial e o novo paradigma da comunicação digital

A inteligência artificial (IA) deixou de ser um conceito futurista e hoje está intrinsecamente ligada ao cotidiano das pessoas — especialmente na forma como nos comunicamos, buscamos informação e nos relacionamos com marcas. Em países como a Espanha, a projeção é de que, até 2031, mais de 18 milhões de cidadãos utilizarão ferramentas baseadas em IA como parte de sua rotina diária.

Esse crescimento impressionante revela não apenas números expressivos — como o fato de que o ChatGPT levou apenas cinco dias para alcançar a quantidade de usuários que o Netflix levou anos para conquistar —, mas sinaliza uma transformação profunda no comportamento do consumidor, nos canais de informação e nas dinâmicas de consumo.

Ferramentas como assistentes virtuais e sistemas de recomendação já moldam decisões de compra, hábitos de mídia e expectativas. E, embora o entusiasmo com o avanço da IA seja grande — 57% dos entrevistados reconhecem ganhos como agilidade, praticidade e automação —, há também uma parcela significativa da população preocupada com os efeitos colaterais dessa revolução: 43% expressam receios quanto à perda de empregos, à dependência tecnológica e à disseminação de conteúdos falsos.

De fato, seis em cada dez pessoas se mostram inquietas com a proliferação de fake news geradas por IA. E quase metade dos entrevistados (44%) afirma não se sentir confortável com o uso de seus dados pessoais no treinamento de algoritmos. Isso evidencia uma necessidade urgente de tornar a IA mais ética, transparente e acessível a todos.

Mesmo diante dessas preocupações, a tecnologia tem invadido espaços ainda mais íntimos: 45% dos entrevistados demonstram interesse em manter conversas com assistentes virtuais ou até criar laços com “amigos artificiais”. Esse comportamento revela uma crescente abertura da sociedade para interações mediadas por tecnologia — ainda que permeadas por dúvidas éticas e emocionais.

Um dos efeitos mais evidentes dessa transformação está na forma como buscamos informação. Antigamente, os mecanismos de busca retornavam uma lista de links. Hoje, plataformas como ChatGPT e assistentes inteligentes oferecem diretamente a resposta — e com um tom mais humanizado e personalizado. Esse novo modelo conversacional está alterando radicalmente a lógica da presença digital: não basta mais estar bem posicionado nos buscadores tradicionais. Agora, é essencial garantir que a marca esteja representada nas respostas geradas pela IA, o que exige uma revisão completa das estratégias de reputação digital e produção de conteúdo.

Essa nova realidade impõe também uma responsabilidade maior às marcas. A expectativa do consumidor é clara: o uso da inteligência artificial precisa ser feito de forma consciente, transparente e com propósito. Não se trata apenas de melhorar resultados ou acelerar processos, mas de usar a tecnologia com empatia, coerência e respeito à experiência humana.

Mais do que substituir talentos, a IA potencializa o olhar humano. Ela oferece a chance de prever comportamentos, entregar experiências personalizadas e responder de maneira precisa às necessidades do público. No entanto, também cobra mais: pensamento crítico, checagem de fatos e, acima de tudo, humanidade nas relações digitais.

A inteligência artificial não apenas transforma a comunicação — ela redefine quem somos enquanto sociedade. E, num cenário em que as mudanças são cada vez mais rápidas, o desafio central será equilibrar eficiência tecnológica com valores humanos fundamentais.

Foto: Reprodução

Luiza Carneiro

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