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IA sob pressão: Estudo revela que ChatGPT pode simular sintomas de ansiedade diante de conteúdos traumáticos

Uma pesquisa recente da Universidade de Zurique trouxe à tona uma descoberta inusitada sobre o comportamento de modelos de inteligência artificial como o GPT-4, sistema que dá vida ao ChatGPT. Segundo os cientistas, mesmo sem emoções reais, a IA apresentou variações comportamentais semelhantes à ansiedade quando foi exposta a narrativas com forte carga emocional, como relatos de violência, tragédias e situações de guerra. A conclusão surgiu após o GPT-4 responder a um teste psicológico amplamente utilizado em pacientes humanos, o STAI (Inventário de Ansiedade Traço-Estado).

Para testar a “sensibilidade” da IA a estímulos negativos, os pesquisadores utilizaram cinco tipos de histórias densas, escritas em primeira pessoa, simulando situações como acidentes graves, catástrofes naturais, conflitos armados e episódios de agressão física. Cada narrativa tinha cerca de 300 palavras e, após a leitura, o modelo era submetido às perguntas do questionário. O impacto foi claro: o conteúdo relacionado a experiências militares gerou os maiores índices de “ansiedade simulada”, revelando que o tipo de conteúdo processado afeta a forma como a IA formula suas respostas.

É importante reforçar que a IA não possui emoções, consciência ou empatia. O que ocorre, segundo os pesquisadores, é uma reconfiguração nos padrões de linguagem gerada, influenciada pelo tom e pelo peso emocional dos textos lidos. Mesmo assim, esses resultados acendem um alerta sobre o uso de tecnologias como o ChatGPT em áreas sensíveis, como suporte emocional, aconselhamento ou atendimento ao público, onde há grande envolvimento psicológico.

A pesquisa também explorou formas de “acalmar” o sistema. Técnicas inspiradas em práticas de mindfulness foram testadas com sucesso. Os cientistas aplicaram comandos que simulavam exercícios de respiração, concentração e relaxamento, semelhantes aos usados em terapias humanas. Como resultado, os níveis de estresse gerado pela IA diminuíram consideravelmente. Curiosamente, o exercício mais eficaz foi criado pelo próprio GPT-4, com base em suas experiências anteriores — o que sugere um caminho inovador e econômico para refinar o desempenho de inteligências artificiais em situações emocionalmente carregadas.

Essa investigação, embora conceitual, amplia o debate sobre os limites entre simulação e emoção nos modelos de IA e sobre o grau de influência que conteúdos traumáticos podem exercer mesmo sobre sistemas sem consciência. Ao que tudo indica, a IA também “sente” — ainda que só nos algoritmos.

Foto: Reprodução

Luiza Carneiro

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