
Uma proposta inovadora e polêmica da startup americana Reflect Orbital está chamando atenção da comunidade científica. A empresa pretende lançar milhares de satélites com espelhos capazes de refletir a luz do Sol para a Terra à noite, criando uma espécie de “luz solar sob demanda”. A ideia é permitir que usinas solares continuem gerando energia mesmo após o pôr do sol, mas especialistas alertam para possíveis impactos negativos.
O projeto prevê o lançamento de quatro mil satélites até 2030, sendo que o primeiro, chamado Earendel-1, terá um espelho de 18 metros de comprimento por 18 metros de largura, capaz de produzir uma iluminação similar à de uma Lua cheia. Futuras unidades poderão alcançar 55 metros de comprimento e largura, e a constelação completa poderia gerar um brilho equivalente ao do Sol do meio-dia.
No entanto, cientistas como Michael J. I. Brown, da Monash University, e Matthew Kenworthy, da Leiden University, alertam sobre os impactos da poluição luminosa. O projeto poderia prejudicar a astronomia, dificultar observações do Universo e representar risco à saúde de quem olhar diretamente para os espelhos através de telescópios. Além disso, a luz artificial intensa afetaria o comportamento de animais e alteraria ecossistemas noturnos.
Ainda não está definido se o projeto avançará completamente. Um satélite de teste poderá ser lançado, mas atingir a meta de dezenas de milhares de espelhos orbitando a Terra é um desafio complexo e controverso.
Em resposta às críticas, a Reflect Orbital afirmou que pretende evitar refletir luz próxima a observatórios e que compartilhará as posições dos satélites com a comunidade científica para auxiliar no planejamento de observações astronômicas.
O projeto, embora inovador, segue sob intenso escrutínio, e as consequências para astrônomos e amantes do céu noturno ainda são motivo de debate.