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Mercado de banda larga fixa no Brasil enfrenta desafios de concorrência e crescimento, aponta relatório da Moody’s

Estudo detalha expansão das ISPs, impacto de juros elevados, inovação tecnológica e estratégias para manter competitividade em setor altamente pulverizado.

A Moody’s Local divulgou um relatório detalhado sobre os desafios concorrenciais do mercado de banda larga fixa no Brasil, destacando um setor altamente competitivo, marcado pela presença de grandes operadoras de telecomunicações e de múltiplas Internet Service Providers (ISPs). Enquanto as grandes operadoras mantêm vantagens como economia de escala, portfólio diversificado de serviços e capacidade de expansão, as ISPs apostam em eficiência operacional e estratégias diferenciadas para lidar com a pressão por preços competitivos e controlar o churn, especialmente em regiões de alta densidade populacional.

Desde 2024, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) intensificou a regulamentação de provedores de pequeno porte, promovendo um ambiente mais transparente e competitivo, assegurando qualidade e segurança aos consumidores. O relatório destaca ainda a forte ascensão das ISPs entre 2017 e 2021, impulsionada por fatores como baixas taxas de juros, lacunas no mercado de fibra óptica, avanços regulatórios e inovações tecnológicas que reduziram custos e permitiram oferta de serviços de alta qualidade a preços competitivos. Esse crescimento elevou a participação das ISPs no mercado de 20% em 2017 para 47% em 2021.

A partir de 2022, o aumento das taxas de juros criou um cenário mais desafiador, desacelerando expansões por meio de aquisições, devido ao investimento recorrente necessário em manutenção, capacidade de rede e ativação de clientes. Mesmo assim, as ISPs vêm fortalecendo suas margens operacionais, com aumento da ocupação das redes, captura de sinergias e demanda resiliente por conectividade. A margem EBIT média das ISPs passou de 20% em 2020 para 28% nos últimos 12 meses até junho de 2025.

O relatório indica que a desaceleração na expansão, combinada à melhora da rentabilidade, contribuiu para reduzir a alavancagem das ISPs, com a média de dívida bruta sobre EBITDA caindo de 5,5x em 2021 para cerca de 3,2x em junho de 2025. Contudo, a cobertura de juros ajustada permanece em níveis moderados, ao redor de 1,5x, refletindo o impacto do custo da dívida em um cenário de juros altos, exigindo gestão ativa de passivos financeiros. Embora o fluxo de caixa operacional seja pouco afetado, o fluxo de caixa livre permanece predominantemente negativo para a maioria das empresas, devido a elevados investimentos recorrentes, reforçando a necessidade de alocação de capital prudente.

O setor também enfrenta desafios tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor. A expansão da internet via satélites de órbita baixa (LEO), liderada por empresas como Starlink e Kuiper (Amazon), amplia a cobertura em áreas remotas, enquanto a fibra óptica continua essencial para velocidades estáveis, implementação do 5G e diversificação de portfólios digitais, incluindo serviços de streaming, segurança e soluções empresariais.

Por fim, a Moody’s ressalta que, diante da crescente demanda por investimentos e juros elevados, a consolidação de mercado se apresenta como alternativa estratégica para as ISPs manterem competitividade. Com mais de 8 mil empresas, fusões e aquisições podem gerar economias de escala, eficiência operacional e melhora na rentabilidade, embora o alto custo de capital represente barreira significativa. O estudo alerta ainda para a necessidade de acompanhamento regulatório quanto à concorrência e proteção do consumidor.

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