
O avanço da computação em nuvem, da inteligência artificial (IA) e das aplicações de borda (edge computing) está redefinindo a arquitetura de TI das empresas. A constatação foi destaque no painel “Orquestração de infraestrutura híbrida em nuvem, edge e data”, realizado durante a Futurecom 2025. Executivos da Equinix, Ascenty, Atlantic Data Center e itltech destacaram a distribuição da arquitetura, a maturidade em segurança e a sustentabilidade como pilares do novo ciclo de investimentos no setor.
O modelo centralizado tradicional deu lugar a ecossistemas híbridos e distribuídos, nos quais workloads, aplicações e dados transitam entre múltiplas nuvens e ambientes locais. Segundo Victor Arnaud, essa transformação é inevitável:
“A arquitetura vai ser distribuída, não há outra forma”, reforçando a necessidade de tratar a conectividade como um ativo estratégico.
O presidente da Equinix ressaltou que a nova complexidade exige integração via APIs, infraestrutura como código e observabilidade, conceito que vai além do simples monitoramento. Arnaud destacou:
“O big data de hoje é o small data de amanhã”, lembrando que a maturidade em observabilidade evita desperdícios em ambientes subutilizados.
Para Rodrigo Radaieski, COO da Ascenty, a cross conexão, especialmente no setor financeiro, pode representar diferença de milhões de reais, mostrando como a latência se tornou um fator econômico. A Equinix, por exemplo, constrói data centers próximos a bolsas de valores para reduzir milissegundos de tráfego em sistemas críticos.
Segurança e governança digital
A convergência entre nuvem, edge e IA eleva os riscos e exige políticas de segurança robustas. Joselito Bergamaschine, CEO da Atlantic Data Center, enfatiza:
“Não dá para fazer um data center sem segurança. Nada é tão seguro que não possa ser quebrado.”
A empresa utiliza IA em vigilância e controle, integrando segurança física e cibernética. Radaieski complementa que a implantação de IA corporativa requer regras claras:
“É preciso definir quem joga, qual é o campo e quem tem acesso.”
O edge computing se mostra inevitável frente ao volume crescente de dados e à demanda por baixa latência. Arnaud ressalta que a borda já é um espectro, tornando crucial a proximidade entre processamento e consumo de dados.
Para Sylvia Bellio, CEO da itltech, a eficiência da infraestrutura depende de três vetores: gente, processo e gestão, apoiados por monitoramento contínuo, análise preditiva e automação.
Sustentabilidade e descarbonização
A agenda ESG permeia toda a infraestrutura digital. Radaieski lembra que quase 90% da matriz energética do Brasil é renovável, tornando o país competitivo para novos investimentos, reforçados pela MP do ReData, que estabelece contrapartidas ambientais para data centers.
Arnaud cita iniciativas internacionais, como em Paris, onde o calor gerado por data centers é redirecionado para aquecimento urbano, economizando toneladas de carbono. Ele conclui que o foco do setor evolui do conceito de carbono zero para net zero, alinhando tecnologia e sustentabilidade.