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Redes sociais moldam decisões sobre contracepção, mas desinformação preocupa especialistas

Pesquisa revela que 59% das mulheres brasileiras recorrem à internet para saúde e contracepção, apontando riscos de escolhas inadequadas e gravidez não planejada

Cada vez mais mulheres utilizam a internet e redes sociais como fonte principal de informação sobre saúde, incluindo métodos contraceptivos. Um levantamento inédito realizado pela Ipsos a pedido da Bayer mostra que 59% das mulheres brasileiras entre 18 e 60 anos consultam conteúdos digitais antes de qualquer outra fonte. Entre as jovens de 18 a 29 anos, esse índice sobe para 62%.

Do total, 34% buscam informações em sites e fóruns, 15% em grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram, e 12% seguem recomendações de influenciadores em plataformas como Instagram, TikTok e Kwai.

O impacto da desinformação

O ginecologista Edson Ferreira, do Hospital das Clínicas da USP, alerta que o problema não está no consumo digital, mas na falta de embasamento científico de muitos conteúdos:
“Tomar decisões com base em experiências isoladas ou mitos pode levar a escolhas inadequadas de métodos contraceptivos, insegurança e gravidez não planejada”, afirma.

Apesar de 91% das mulheres já terem usado algum método contraceptivo, muitas desconhecem opções modernas e recomendadas internacionalmente, como os métodos de longa duração (DIUs e implantes). Quase 9 em cada 10 entrevistadas (89%) não conseguem diferenciar DIU de cobre e hormonal, sendo a falta de informação mais comum entre mulheres de classes sociais mais baixas.

O papel das redes sociais

Estudos publicados em revistas médicas, como Obstetrics & Gynecology, destacam que plataformas como TikTok concentram relatos pessoais sobre DIUs, muitas vezes sem respaldo médico. Segundo especialistas, essas experiências podem ser úteis, mas não substituem consultas com profissionais capacitados para escolher o método adequado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs), como DIUs e implantes, são seguros e eficazes, inclusive para adolescentes e mulheres sem filhos, salvo contraindicações.

Gravidez não planejada ainda é um desafio

A pesquisa aponta que 25% das mulheres não usam nenhum método contraceptivo atualmente, enquanto 62% já tiveram pelo menos uma gestação não planejada. Entre os principais motivos estão falha do método (27%) e uso incorreto (20%).

A falta de informação é apontada como fator decisivo: 65% das entrevistadas acreditam que mais conhecimento poderia ter evitado a gravidez indesejada, e 93% defendem maior acesso a informações sobre métodos de longa duração, como DIU hormonal, DIU de cobre e implante subdérmico.

Rodrigo Mirisola, ginecologista e gerente médico da Bayer no Brasil, reforça:
“A informação de qualidade é fundamental para ampliar o conhecimento sobre contraceptivos modernos e democratizar o cuidado reprodutivo, oferecendo alternativas seguras e adaptadas a diferentes perfis e estilos de vida.”

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