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Montadoras Chinesas Dominam Europa e Brasil Reforça Barreiras para Veículos Elétricos

Expansão de marcas como BYD, Xpeng e GAC na Europa e medidas protetivas do Brasil evidenciam a transformação global do mercado de carros elétricos.

Na última semana, a Alemanha sediou a IAA Mobility, um dos maiores salões automotivos do mundo. No coração da indústria europeia, as montadoras chinesas de veículos elétricos (EVs) se destacaram, com estandes imponentes em Munique. Empresas como Xpeng, GAC e Leapmotor apresentaram planos ambiciosos de expansão internacional, apostando em tecnologia avançada, design moderno e preços competitivos.

A Europa tornou-se um mercado estratégico para essas marcas asiáticas, enquanto fabricantes tradicionais — como BMW, Mercedes, Volkswagen e Renault — enfrentam atrasos no desenvolvimento de elétricos. A Tesla, que liderou o setor por anos, também registrou queda nas vendas na região. Apesar das tarifas da União Europeia, os chineses avançam com modelos acessíveis e alto apelo tecnológico. Analistas destacam que escala de produção, inovação em baterias e estratégias comerciais agressivas colocam as marcas chinesas em vantagem sobre concorrentes europeus.

Brasil reforça proteção ao mercado local
Enquanto a expansão chinesa avança na Europa, o Brasil optou por medidas protetivas. O governo antecipou para janeiro de 2027 a alíquota de 35% sobre a importação de veículos elétricos e híbridos desmontados, atendendo à pressão de montadoras já instaladas no país.

Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis vinham solicitando regras mais rigorosas para conter a entrada de concorrentes asiáticos. A decisão do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Camex incluiu cotas adicionais de importação com tarifa zero, válidas por seis meses e no valor de US$ 463 milhões.

No centro da disputa está a BYD, líder global em elétricos, que ergue uma fábrica em Camaçari (BA). Enquanto concorrentes acusam a empresa de concorrência desleal, a BYD defende a necessidade de mais abertura do mercado e preços competitivos. O governo ressalta que a medida visa estimular a produção local e oferecer previsibilidade aos investimentos em novas fábricas.

Brasil como mercado estratégico para veículos elétricos
O papel do Brasil na mobilidade sustentável foi destacado por Christian Levin, presidente e CEO da Scania e do grupo TRATON. Segundo ele, o país possui potencial único para se tornar o maior mercado mundial de veículos elétricos.

Com quase 60 mil funcionários em 100 países, a Scania planeja ampliar investimentos no Brasil, onde atua há quase 70 anos. Levin ressaltou que o transporte rodoviário, responsável por 60% a 70% do transporte de cargas, abre espaço para soluções sustentáveis.

“Construímos uma equipe muito forte no Brasil. Acreditamos que o país será o maior mercado mundial para veículos elétricos. Segmentos como ônibus urbanos já estão em transição para baterias elétricas”, afirmou. O executivo, que participará da COP30 em Belém, destacou que a transição energética depende da colaboração entre empresas, governos e consumidores.

China consolida liderança global em veículos elétricos
A revolução dos carros elétricos na China surpreendeu o mundo e mantém ritmo acelerado. Empresas como BYD, Nio, Li Auto, Geely e SAIC Motor expandiram sua presença global, apoiadas por investimentos governamentais de US$ 230 bilhões entre 2009 e 2023, incentivos fiscais e uma cadeia robusta de suprimentos de baterias.

Em 2023, a China ultrapassou o Japão como maior exportador de veículos, com 31,4 milhões de unidades vendidas internamente — sendo 41% elétricos. A BYD superou a Tesla em receita global, tornando-se a maior fabricante mundial de veículos elétricos em 2024.

Especialistas projetam que, até 2030, a China produza 36 milhões de veículos por ano — quatro a cada dez produzidos mundialmente — e exporte cerca de 9 milhões de unidades. O impacto já é sentido em mercados como Reino Unido e Noruega, onde marcas chinesas alcançaram cerca de 10% das vendas recentes.

Analistas alertam que essa ofensiva internacional deve se intensificar, enquanto União Europeia e Estados Unidos aplicam tarifas adicionais para conter a concorrência, e fabricantes europeus pressionam por menos burocracia e mais estímulos à inovação.

Henner Lehne, da S&P Global Mobility, resumiu: “Até poucos anos atrás, as montadoras chinesas não eram vistas como concorrentes reais das gigantes globais. Mas isso mudou rapidamente.”

O avanço das montadoras chinesas na Europa, as medidas protetivas do Brasil e a consolidação da China como potência global em veículos elétricos mostram um setor em transformação acelerada. A corrida pela eletrificação já não é apenas comercial: é uma disputa global em que a China expande sua influência, a Europa busca se adaptar e o Brasil equilibra proteção e atração de investimentos na transição energética.

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