
O CEO da Microsoft, Satya Nadella, afirmou nesta quinta-feira (11) que a empresa ainda tem um longo caminho para melhorar a relação com seus funcionários, após uma série de demissões em massa e a imposição do retorno parcial ao trabalho presencial.
Durante uma reunião virtual, Nadella respondeu a questionamentos de colaboradores sobre a percepção de falta de empatia na cultura da companhia e as medidas adotadas para reconquistar a confiança da equipe. “Recebo isso como um feedback para mim e para toda a liderança. Acho que podemos fazer melhor — e vamos fazer melhor”, declarou o CEO, em áudio obtido pela CNBC.
Demissões e novas regras de trabalho presencial
Os comentários de Nadella surgem após a Microsoft cortar 9 mil vagas em julho, além de reduções menores nos meses anteriores. A partir de fevereiro, funcionários que moram próximos à sede em Redmond, Washington, deverão comparecer ao escritório três vezes por semana, com expansão gradual da medida, segundo informações divulgadas pela companhia.
A reação interna foi mista: enquanto alguns colaboradores relataram perda de autonomia, outros já frequentam o escritório em média 2,4 dias por semana. Durante a pandemia, a Microsoft adotou o trabalho remoto, apoiando-se na plataforma Teams, que se tornou globalmente popular, mas foi mais lenta que rivais, como a Amazon, na exigência de retorno presencial diário.
Desempenho de mercado e críticas internas
Apesar das críticas internas, a Microsoft mantém forte desempenho financeiro. Suas ações acumulam alta de quase 20% em 2025, com valor de mercado de US$ 3,7 trilhões, atrás apenas da Nvidia. O lucro líquido reportado em julho foi de US$ 27 bilhões, crescimento de 24% em relação ao ano anterior, impulsionado pelo negócio de nuvem Azure, que avançou 39%.
Nadella comentou sobre o impacto das mudanças no futuro dos negócios: “Algumas das maiores divisões que construímos talvez não sejam tão relevantes no futuro. Algumas das margens que gostamos hoje podem não existir amanhã, e isso significa que você tem que estar muito à frente dessas mudanças.”
Impacto cultural e controvérsias
O CEO reconheceu que a cultura corporativa ainda sofre efeitos do home office: “A gestão está praticamente toda remota, mas os estagiários estão todos em um só lugar. Essas coisas acabam quebrando um contrato social.”
A reunião também abordou polêmicas recentes, como o uso da nuvem Azure pelo exército de Israel para armazenar ligações telefônicas de palestinos durante a invasão de Gaza, e protestos internos que resultaram na demissão de cinco funcionários. O presidente Brad Smith defendeu a postura da empresa, afirmando: “Não há espaço para antissemitismo na Microsoft e, como empresa e comunidade, vamos proteger esse grupo e defendê-los dessas situações.”