
A inteligência artificial está transformando o mercado de trabalho, e o setor de recrutamento é um dos mais impactados. A Job Bolt, uma startup especializada no uso de IA para entrevistas de emprego, desenvolveu avatares virtuais capazes de conduzir entrevistas automatizadas por vídeo — uma proposta que visa acelerar o processo de triagem e aliviar a carga sobre equipes de RH.
Para testar a eficácia da ferramenta, um jornalista do portal The Register participou de uma entrevista simulada com o avatar da Job Bolt, e relatou a experiência como “desconcertante” e “repetitiva”, destacando os desafios que surgem quando humanos interagem com simulações digitais pouco naturais.
A ideia da Job Bolt é permitir que empresas configurem um conjunto de perguntas que serão feitas pelo avatar de IA durante a entrevista. A inteligência artificial registra e resume as respostas dos candidatos, fornecendo uma análise para que o RH decida quem deve seguir para a próxima fase — com um entrevistador humano.
No entanto, na prática, o jornalista descreveu um cenário longe do ideal: o avatar apresentou comportamentos considerados “nervosos” e “estranhos”, com ausência total de comunicação não verbal, como acenos de cabeça ou expressões faciais — elementos importantes em uma conversa fluida. As interações foram pontuadas por respostas genéricas, como “Obrigado por compartilhar”, e resumos rasos, sem sinais de escuta ativa.
O resultado foi uma entrevista travada, com respostas pouco articuladas, e uma sensação de artificialidade que dificultou o engajamento. Embora a proposta de uso da IA seja promissora — especialmente para reduzir o tempo gasto analisando currículos com informações falsas —, o teste expõe limitações técnicas e de usabilidade.
Com o aumento do uso de entrevistas com IA por outras startups, o jornalista recomenda que candidatos que se depararem com essa tecnologia solicitem um teste prévio da plataforma, para entender como funciona a dinâmica e se adaptarem à peculiaridade da interação com um avatar virtual