
Uma das principais indústrias do município de Campos Gerais, no interior do Paraná, anunciou nesta quinta-feira (4) uma demissão em massa, surpreendendo autoridades locais e a população. Segundo a prefeitura, a empresa era considerada uma das maiores empregadoras da cidade, responsável por grande parte da movimentação econômica da região.
O impacto da decisão já é sentido por centenas de trabalhadores e suas famílias. A prefeitura classificou a situação como “grave” e estuda medidas para mitigar os efeitos da demissão coletiva.
Dependência econômica e preocupação social
Conforme divulgado pelo G1, a empresa demitiu um número significativo de funcionários — o que preocupa não apenas pelas demissões diretas, mas também pelos efeitos indiretos no comércio local, nos serviços e em toda a cadeia produtiva.
“A cidade gira em torno dessa indústria. Com essas demissões, todo mundo é afetado: do trabalhador ao dono da mercearia do bairro”, comentou um comerciante local.
Realidade em muitos municípios do Paraná
A situação vivida em Campos Gerais reflete uma realidade comum em várias cidades do interior do Paraná, onde a economia gira em torno de uma ou duas grandes empresas. De acordo com dados recentes, em pelo menos 27 municípios paranaenses, mais de 60% dos empregos formais estão vinculados ao setor industrial.
A falta de diversificação econômica torna esses municípios especialmente vulneráveis a crises no setor produtivo — sejam elas causadas por fatores internos, mudanças no mercado internacional ou decisões estratégicas das empresas.
Crise semelhante e exportações em risco
Este não é um caso isolado. Em 2024, a empresa madeireira Millpar também realizou demissões em massa e fechou uma de suas unidades no estado após os Estados Unidos imporem tarifas de 50% sobre produtos exportados, tornando a operação inviável economicamente.
Especialistas apontam que oscilações no mercado externo, somadas ao aumento de custos logísticos e fiscais, têm pressionado o setor industrial paranaense.
Ações da prefeitura e medidas de contenção
Diante da crise, a prefeitura de Campos Gerais informou que buscará apoio junto ao governo estadual e federal. Entre as possíveis ações emergenciais estão:
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Criação de um mutirão de empregos em parceria com o SINE;
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Abertura de cursos de requalificação profissional;
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Ampliação do acesso ao seguro-desemprego e programas sociais;
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Diálogo com outras empresas da região para absorção de parte da mão de obra dispensada.
“Estamos mobilizando todos os recursos possíveis para apoiar os trabalhadores e evitar que a economia local entre em colapso”, disse um porta-voz da administração municipal.
Caminho para a diversificação
A crise reacende o debate sobre a necessidade de diversificar as economias dos pequenos municípios. O setor de serviços, por exemplo, foi o que mais gerou empregos no Paraná em 2024, com saldo positivo de mais de 61 mil novas vagas, seguido do comércio e da própria indústria.
A aposta em novos polos econômicos, como o agronegócio de base tecnológica, turismo rural e serviços digitais, pode ser uma alternativa para reduzir a dependência de uma única indústria e tornar as cidades mais resilientes diante de crises futuras.