Colunistas
Tendência

Da Era do Monitoramento à Observabilidade: O Futuro da Visibilidade em TI

Por Edgar Zattar

Durante muito tempo, o monitoramento tradicional foi suficiente para acompanhar a disponibilidade dos sistemas: medição de uptime, alertas de falhas e relatórios periódicos. Porém, à medida que as empresas avançaram para ambientes distribuídos, nuvem híbrida e microsserviços, essa abordagem mostrou-se limitada. Monitorar apenas o que está acontecendo não resolve mais quando é preciso compreender por que algo ocorre e como evitar que se repita.

É nesse ponto que surge a observabilidade. Segundo o Gartner, até 2026, 70% das organizações que implementarem práticas robustas de observabilidade reduzirão em mais de 40% o tempo de detecção e resolução de incidentes. Isso porque a observabilidade vai além da coleta de métricas: ela entrega contexto, causa raiz e insights preditivos.

Estamos, portanto, em plena transição: sair da era do monitoramento para a era da observabilidade inteligente, onde a visibilidade deixa de ser um recurso operacional e se torna pilar estratégico de negócio.

Mas como transformar essa visão em prática? Para que CIOs e líderes de tecnologia consigam de fato aplicar observabilidade, é necessário entender os blocos que compõem esse ecossistema.

É aqui que entram quatro conceitos fundamentais: NPM, NDR, NPB e APM. Juntos, eles oferecem as diferentes perspectivas que permitem enxergar não apenas métricas isoladas, mas o quadro completo da saúde e segurança digital.

  1. NPM – Network Performance Monitoring

Responsável por acompanhar o desempenho da rede, avaliando tráfego, latência e gargalos.

  • Aplicação: ideal para ambientes que precisam garantir disponibilidade e qualidade de serviço, como contact centers e plataformas de streaming.
  1. NDR – Network Detection and Response

Focado em identificar comportamentos suspeitos no tráfego de rede, ajudando a detectar ataques sofisticados.

  • Aplicação: indispensável para segurança cibernética avançada, onde ameaças modernas ultrapassam os controles tradicionais.
  1. NPB – Network Packet Broker

Funciona como um orquestrador de tráfego, distribuindo pacotes para as ferramentas certas de análise, sem sobrecarregar a infraestrutura.

  • Aplicação: valioso em redes de alto volume, onde eficiência e custo são fatores críticos.
  1. APM – Application Performance Monitoring

Oferece visibilidade ponta a ponta da performance de aplicações, analisando transações e a experiência do usuário.

  • Aplicação: essencial em negócios digitais, como e-commerce e bancos, onde qualquer falha impacta receita e confiança.

Quando analisamos cada uma dessas tecnologias separadamente, temos visões específicas: rede, segurança, tráfego e aplicação. Porém, a verdadeira força da observabilidade está na integração dessas camadas.

Imagine uma empresa de e-commerce em plena Black Friday.

  • O NPM começa a registrar aumento anormal de latência em determinados pontos da rede.
  • Ao mesmo tempo, o NDR identifica que parte desse tráfego pode estar relacionado a um ataque de botnets simulando acessos massivos para derrubar o site.
  • O NPB, nesse cenário, atua como regulador: filtra e direciona os pacotes legítimos para as ferramentas de APM e segurança, ao mesmo tempo em que organiza o tráfego suspeito para análise detalhada.
  • Finalmente, o APM mostra que, apesar da pressão na rede, a experiência real dos clientes ainda está preservada — mas alerta que, se a latência ultrapassar certo limiar, o tempo de resposta pode gerar abandono de carrinhos e perda de receita.

Esse exemplo demonstra como, quando integradas, essas tecnologias permitem não apenas detectar o problema, mas entender a causa, filtrar o impacto e preservar a experiência do cliente em tempo real.

É como montar um quebra-cabeça: cada peça tem valor por si só, mas só quando juntas formam a imagem completa da resiliência digital.

Para os CIOs, a mensagem é clara:

  • NPM garante conectividade e performance;
  • NDR protege contra ameaças sofisticadas;
  • NPB otimiza a distribuição de tráfego e recursos;
  • APM preserva a experiência do cliente e a receita.

Mais do que escolher uma ou outra solução, o desafio está em combinar essas tecnologias de forma estratégica, transformando dados dispersos em inteligência acionável.

A era da observabilidade não é apenas técnica: é um movimento de negócio. Empresas que adotarem essa abordagem conseguirão reduzir falhas, antecipar riscos e proteger sua competitividade em um mercado digital cada vez mais implacável.

 

 

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo