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Equinor injeta quase US$ 1 bilhão na Orsted em meio a pressões sobre energia eólica offshore

Gigante norueguesa reforça apoio à Orsted após cortes de financiamento do governo Trump afetarem projetos eólicos nos EUA

A gigante norueguesa do setor de energia, Equinor, anunciou nesta segunda-feira (data não especificada) um aporte de quase US$ 1 bilhão em apoio à Orsted, empresa dinamarquesa considerada a maior desenvolvedora de energia eólica offshore do mundo. O movimento ocorre em um momento delicado para o setor, marcado por pressões políticas e cortes de financiamento nos Estados Unidos, liderados pelo governo de Donald Trump.

A Equinor confirmou sua intenção de participar da emissão de direitos da Orsted no valor de 60 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de US$ 9,4 bilhões), com o objetivo de manter sua participação de 10% na companhia. A iniciativa é interpretada como um forte voto de confiança no modelo de negócios da Orsted e na viabilidade da energia eólica offshore como componente essencial da transição energética global.

Segundo comunicado oficial, o apoio à emissão de direitos demonstra a convicção da Equinor na competitividade da energia eólica no longo prazo. A empresa estatal norueguesa é atualmente o segundo maior acionista da Orsted, atrás apenas do governo da Dinamarca.

Como parte do acordo, a Equinor indicará um nome para compor o conselho de administração da Orsted, sinalizando um aprofundamento na parceria estratégica entre as duas companhias.

A notícia impactou positivamente o mercado: as ações da Orsted chegaram a subir 3,6% logo após o anúncio, antes de recuarem levemente. No entanto, os papéis da empresa ainda acumulam uma queda de quase 90% desde o pico em 2021, tendo atingido uma nova mínima histórica no mês anterior. Essa baixa foi intensificada pela decisão da administração Trump de suspender a construção de um parque eólico que estava quase concluído.

As ações da Equinor, por sua vez, registraram alta de 0,2% na manhã da segunda-feira.

Setor enfrenta clima político hostil nos EUA

Tanto a Equinor quanto a Orsted enfrentam obstáculos no setor de energia eólica offshore, principalmente nos Estados Unidos. A administração de Donald Trump tem sido abertamente crítica aos projetos eólicos, com uma postura que remonta ao seu primeiro mandato.

O golpe mais recente veio na sexta-feira anterior, quando o Departamento de Transportes dos EUA anunciou o cancelamento de US$ 679 milhões em financiamentos federais destinados a uma dúzia de projetos de infraestrutura que beneficiariam o setor eólico offshore. “Projetos eólicos desnecessários estão usando recursos que poderiam ser utilizados para revitalizar a indústria marítima dos Estados Unidos”, afirmou o Secretário de Transportes, Sean Duffy, em comunicado oficial.

Analistas enxergam possibilidade de fusão futura

De acordo com analistas da RBC Capital Markets, o suporte financeiro da Equinor pode ser o primeiro passo para uma possível fusão entre os portfólios de energia eólica offshore das duas companhias. No entanto, o aumento da exposição da Equinor a projetos em território norte-americano levanta preocupações, dado o ambiente regulatório e político instável.

“O desafio é que a Equinor ampliará sua exposição líquida a dois projetos eólicos offshore nos EUA sob sua propriedade, ambos com perspectivas limitadas de avanços no curto prazo e com apoio político ainda incerto”, destacou a RBC em relatório.

Por outro lado, os analistas ressaltaram que a Equinor ganha influência estratégica ao manter sua participação acionária e conquistar um assento no conselho da Orsted, o que pode ser crucial para navegar esse cenário desafiador.

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