A Cambricon, empresa chinesa de semicondutores, alcançou um lucro recorde no primeiro semestre de 2025, evidenciando o fortalecimento dos concorrentes locais da Nvidia, à medida que Pequim intensifica esforços para impulsionar sua indústria tecnológica interna.
A Cambricon figura entre diversas empresas chinesas que disputam espaço como alternativas à americana Nvidia na oferta de chips essenciais para treinar e rodar aplicações e modelos de inteligência artificial (IA).
Nos primeiros seis meses do ano, a receita da Cambricon cresceu mais de 4.000% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando 2,88 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 402,7 milhões). O lucro líquido também bateu recorde, totalizando 1,04 bilhão de yuans. Apesar dos números ainda serem modestos frente aos US$ 44 bilhões reportados pela Nvidia no trimestre de fevereiro a abril, o crescimento expressivo demonstra o avanço das empresas chinesas na busca por independência tecnológica.
Esse crescimento reflete a tentativa das companhias chinesas de criar alternativas locais à Nvidia, especialmente diante das restrições impostas pelos EUA. No início do ano, a Nvidia foi proibida de vender seu chip H20 para a China, embora tenha recebido autorização para retomar as exportações sob a condição de repassar 15% da receita gerada no país ao governo americano.
Paralelamente, a China tem desestimulado a compra dos chips H20 da Nvidia por empresas locais. Gigantes tecnológicas chinesas têm apostado cada vez mais em chips produzidos internamente, ao lado do hardware da Nvidia disponível, impulsionando o crescimento de companhias como a Cambricon.
As ações da Cambricon mais que dobraram em valor ao longo de 2025, elevando sua capitalização de mercado em mais de US$ 40 bilhões, segundo dados da S&P Capital IQ. Atualmente, a empresa está avaliada em cerca de US$ 80 bilhões.
A vantagem da Nvidia vai além do hardware, incluindo um ecossistema de software consolidado que atrai desenvolvedores. Em resposta, a Cambricon anunciou investimentos no aprimoramento de sua plataforma de software e no desenvolvimento de hardware de próxima geração.
No entanto, os concorrentes chineses enfrentam desafios significativos para alcançar a Nvidia. A tecnologia local ainda está atrás da americana, e os controles de exportação dos EUA limitam o acesso da China às técnicas mais avançadas de fabricação de chips, dificultando o progresso do país no desenvolvimento de semicondutores para IA.
