
A SpaceX, avaliada em cerca de US$ 400 bilhões, é hoje peça fundamental para o acesso espacial dos Estados Unidos, mas sua trajetória até se tornar essa gigante foi cheia de desafios.
Fundada por Elon Musk em 2002, a empresa começou com recursos provenientes da venda do PayPal. Musk e sua equipe desenvolveram o primeiro foguete da companhia, o Falcon 1, com o objetivo de competir com os fornecedores tradicionais de lançamentos espaciais.
Naquela época, o mercado era dominado pela United Launch Alliance, uma parceria entre Boeing e Lockheed, que monopolizava os serviços de lançamento para o governo dos EUA, cobrando centenas de milhões de dólares por missão. Segundo Lori Garver, ex-administradora adjunta da NASA, “várias startups tentavam entrar nesse mercado dominado pela United Launch Alliance”.
Em 2003, Elon Musk levou o Falcon 1 para as ruas de Washington, buscando chamar a atenção de agências governamentais e conquistar contratos importantes. A estratégia funcionou e, em 2004, a SpaceX recebeu investimentos da DARPA e da Força Aérea dos EUA para aprimorar seus foguetes.
Apesar do apoio inicial, a empresa enfrentou momentos difíceis. Os primeiros três lançamentos do Falcon 1 falharam em alcançar a órbita, colocando a SpaceX em uma situação financeira crítica. “O contrato inicial da NASA foi decisivo para salvar a empresa da falência”, afirma Chris Quilty, especialista em pesquisa espacial.
Em 2008, após o primeiro lançamento bem-sucedido do Falcon 1, a NASA concedeu à SpaceX um contrato de US$ 1,6 bilhão para o programa de Serviços Comerciais de Reabastecimento, que envolvia o uso do Falcon 9 e da cápsula Dragon para enviar suprimentos à Estação Espacial Internacional (ISS) em 12 missões. Em 2014, outro contrato da NASA, no valor de US$ 2,6 bilhões, garantiu à SpaceX o desenvolvimento de veículos para transporte de astronautas para a ISS.
Hoje, a SpaceX é líder no setor espacial, dominando lançamentos e serviços de satélites. Em 2024, a empresa realizou 134 lançamentos orbitais — mais que o dobro do segundo colocado, a China Aerospace Science and Technology Corporation, segundo a consultoria BryceTech. Esses lançamentos representaram 83% de todas as naves lançadas globalmente naquele ano. Um relatório da Bloomberg de julho de 2024 avaliou a SpaceX em US$ 400 bilhões.
A cápsula Dragon e o foguete Falcon 9 são atualmente os principais veículos usados pela NASA para transportar astronautas e cargas à Estação Espacial Internacional. Além disso, os satélites Starlink da SpaceX tornaram-se essenciais para garantir internet em áreas remotas e apoiar aliados dos EUA em cenários de conflito. O foguete Starship, ainda em fase de testes, é peça-chave no plano dos EUA para retornar à Lua. A SpaceX também está desenvolvendo a rede de satélites de vigilância Starshield, em contrato de US$ 1,8 bilhão com o governo americano. Empresas concorrentes, como Amazon e OneWeb, também lançam seus satélites com foguetes da SpaceX.
Segundo Lori Garver, “a SpaceX está transformando o ecossistema espacial, reduzindo drasticamente os custos e criando uma comunidade global de empresas com acesso ao espaço”.