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Governo Trump estuda adquirir participação de 10% na Intel em meio a esforços para reforçar setor de chips nos EUA

Possível conversão de subsídios do Chips Act em ações da Intel sinaliza nova estratégia para impulsionar fabricação nacional de semicondutores

O governo Trump está avaliando a possibilidade de adquirir uma participação de até 10% na Intel, o que poderia torná-lo o maior acionista da fabricante norte-americana de chips. A informação foi divulgada pela Bloomberg nesta terça-feira (19), citando fontes próximas às discussões.

Como parte dessa possível estratégia, a administração Trump considera converter parte — ou até a totalidade — dos subsídios recebidos pela Intel por meio do CHIPS and Science Act de 2022 em capital acionário. A empresa já recebeu cerca de US$ 10,9 bilhões em recursos, sendo US$ 7,9 bilhões destinados à expansão da produção doméstica e outros US$ 3 bilhões voltados à segurança nacional.

Com base no valor de mercado atual da Intel, uma participação de 10% seria avaliada em aproximadamente US$ 10,4 bilhões. Apesar das discussões em andamento, ainda não está claro se a proposta conta com amplo apoio dentro da Casa Branca ou se o plano será oficialmente levado adiante.

A Intel, que já foi líder global em semicondutores, vem enfrentando dificuldades para competir com fabricantes estrangeiros em tecnologias avançadas, principalmente no contexto do crescimento da inteligência artificial. A revitalização da empresa passou a ser tratada como prioridade estratégica por Washington.

Embora o CHIPS Act tenha sido aprovado durante o governo Biden com apoio bipartidário e contemplado diversas empresas do setor, como TSMC, Samsung, Nvidia, Micron e GlobalFoundries, o ex-presidente Donald Trump se posicionou contra o projeto, chegando a pedir sua revogação em 2025. Ainda assim, a administração atual está renegociando alguns dos recursos, conforme indicado pelo Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em junho.

Caso os subsídios recebidos pela Intel sejam convertidos em ações, o valor total de capital injetado poderia ser ajustado, mas o movimento serviria como exemplo da estratégia do governo de criar “campeões nacionais” em setores considerados críticos para a segurança e autonomia dos Estados Unidos.

Na semana passada, o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, nomeado em março de 2025, reuniu-se com Donald Trump na Casa Branca após o presidente ter pedido sua demissão devido a antigos vínculos com a China. Após o encontro, Trump recuou nas críticas, elogiando Tan por sua trajetória.

Analistas estão divididos: enquanto alguns defendem a intervenção do governo como crucial para recuperar a competitividade da Intel, outros apontam que os desafios da empresa vão além do financiamento, e que uma participação estatal pode não ser suficiente para uma reviravolta.

Em paralelo, o SoftBank anunciou um investimento de US$ 2 bilhões na Intel, tornando-se seu quinto maior acionista, segundo a LSEG. Para o CEO do grupo japonês, Masayoshi Son, “o investimento reflete a confiança de que a fabricação de semicondutores avançados crescerá nos EUA, com a Intel desempenhando papel-chave.”

A notícia do possível apoio do governo americano e do investimento do SoftBank animou o mercado: as ações da Intel chegaram a subir quase 9% em 14 de agosto e, mesmo após queda de 3% no início da semana, se recuperaram com alta de 5% nas negociações noturnas na Robinhood.

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