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Indústria gaúcha sofre com sobretaxa dos EUA: governo do RS articula medidas para proteger empregos

Sobretaxa de 50% afeta mais de 1.100 indústrias no Rio Grande do Sul e pode colocar 140 mil empregos em risco; governo busca apoio federal e alternativas emergenciais

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, se reuniu nesta terça-feira (5/8) com a diretoria da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) para discutir os impactos da sobretaxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, que entra em vigor nesta quarta-feira (6/8), atinge duramente a indústria gaúcha — a segunda mais prejudicada do país, atrás apenas de São Paulo.

Durante o encontro, Gabriel propôs a construção de uma pauta conjunta entre o Estado e o setor industrial para pressionar o governo federal a adotar medidas de proteção à indústria e aos empregos. Participaram também da reunião o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, e o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves.

Segundo Gabriel, o enfrentamento da crise tarifária deve acontecer em três frentes: diplomacia com os Estados Unidos (de responsabilidade federal), mitigação de danos com crédito emergencial e adiantamento de créditos de ICMS, e abertura de novos mercados internacionais, por meio de iniciativas como a da Invest RS.

A reunião contou com a presença do presidente da Fiergs, Cláudio Bier, que destacou a gravidade do impacto: cerca de 85% dos produtos industrializados gaúchos serão taxados, afetando mais de 1.100 indústrias exportadoras e colocando em risco cerca de 140 mil empregos. Os setores mais atingidos são os de calçados, móveis, tabaco, eletroeletrônicos e pesca.

“Hoje demos um passo importante para construir uma pauta unificada com o governo estadual, entidades patronais e representantes dos trabalhadores. O objetivo é minimizar o impacto da crise e preservar milhares de empregos”, afirmou Bier.

Ernani Polo ressaltou a importância do diálogo com o setor produtivo para buscar soluções rápidas e eficazes. “A indústria gaúcha é uma das bases da nossa capacidade exportadora. Essa sobretaxa coloca em risco a competitividade do Estado. É preciso agir de forma coordenada entre os setores público e privado”, afirmou.

Gabriel Souza também destacou que é hora de colocar ideologias de lado e focar no essencial: preservar empregos e manter o diálogo com os Estados Unidos em alto nível. “Essa questão saiu das redes sociais e agora afeta diretamente o bolso dos gaúchos. Vamos trabalhar para reduzir ao máximo os impactos no Estado”, reforçou.

Durante a reunião, Ricardo Neves informou que a Secretaria da Fazenda (Sefaz) deve abrir um canal específico para tratar dos créditos de ICMS para empresas exportadoras. Atualmente, os setores metal-mecânico e de fumo concentram 60% dos créditos estimados em R$ 400 milhões. Aproximadamente 200 empresas gaúchas poderão ser beneficiadas com a medida.

A secretária da Fazenda, Pricilla Santana, pontuou que a proposta ainda está em análise devido às restrições impostas pelo Regime de Recuperação Fiscal. Como o Estado não pode conceder incentivos que impactem na arrecadação, será necessária articulação com o governo federal para viabilizar soluções sem comprometer o equilíbrio fiscal.


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