
O setor brasileiro de máquinas e equipamentos encerrou a primeira metade do ano em forte expansão, mas já sinaliza desaceleração no segundo semestre. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), fatores como juros elevados e entraves estruturais persistentes no ambiente de negócios limitam o ritmo de crescimento.
Desempenho até junho
A receita total do setor avançou 15,9% nos cinco primeiros meses de 2025, em termos de receita líquida de vendas, na comparação com o mesmo período de 2024. O resultado é impulsionado principalmente pelo mercado interno, que cresceu 35,5% em maio, atingindo R$ 21,8 bilhões.
Em maio, o faturamento somou R$ 27,4 bilhões, resultado 26,3% superior ao de maio de 2024. Já o consumo aparente do setor — que engloba vendas internas e externas — alcançou R$ 37,6 bilhões, alta de 24% em relação a maio do ano anterior.
Em junho, houve queda na comparação com maio: o faturamento total recuou 4%, enquanto a receita interna caiu 6,1% — queda sazonal que representa uma desaceleração crescente. No comparativo com junho de 2024, porém, o setor ainda registrou alta de 9,9%, faturando R$ 26,4 bilhões.
Perspectiva para o segundo semestre
A ABIMAQ projeta que o ritmo de crescimento perderá força nos meses seguintes. Em comunicado, destacou que a queda esperada em junho em relação a maio é modesta (entre 1% e 2% no máximo), mas que a desaceleração tende a se intensificar conforme os efeitos do aperto monetário comecem a chegar ao setor.
A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, foi elevada em 0,25 ponto percentual pelo Copom e deve permanecer nesse patamar por “período bastante prolongado”, dificultando ainda mais os investimentos e financiamentos empresariais.
Apesar da previsão de menor dinamismo na segunda metade do ano, a associação manteve sua estimativa de crescimento de 3,7% para a receita líquida de vendas do setor em 2025.
Fatores adversos e oportunidades
Entre os desafios apontados, estão:
-
Entraves estruturais como rigidez regulatória, logística ineficiente e ambiente macroeconômico incerto, que encarecem e atrasam projetos de investimentos.
-
Crescimento da competição externa, com importações respondendo por cerca de 46–46,5% do consumo nacional em 2025 — frente aos 45,9% registrados no ano anterior.
Esses fatores pressionam a margem de crescimento e a capacidade do setor de manter os níveis de demanda doméstica.
Cenário consolidado
Após um primeiro semestre robusto, o setor se aproxima da segunda metade de 2025 em compasso de espera. A retração sazonal observada em junho é vista como início de uma tendência de desaceleração mais expressiva, que levará o setor a atuar com mais cautela nos próximos meses.
As previsões de crescimento positivo para o ano — impulsionadas pela retomada do mercado interno e da agroindústria — seguem válidas, ainda que dependam da evolução da política monetária e de avanços no ambiente regulatório e de infraestrutura.