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CNI defende diálogo com os EUA e alerta para impactos de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

Entidade critica sobretaxa americana e propõe medidas ao governo para proteger indústria nacional

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se posicionou nesta semana contra o decreto do governo dos Estados Unidos que aumenta de 10% para 50% a tarifa sobre uma série de produtos brasileiros. Em nota oficial, a entidade afirmou que o momento exige negociação, não retaliação, e que a imposição de sobretaxas pode prejudicar empregos, investimentos e cadeias produtivas do país.

“O aumento tarifário anunciado pelos EUA não tem justificativa técnica ou econômica e afeta diretamente setores estratégicos da nossa indústria. No entanto, acreditamos que o caminho não é retaliar, mas buscar soluções por meio do diálogo”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A medida norte-americana inclui cerca de 1.000 produtos brasileiros, dos quais apenas 700 ficaram temporariamente isentos da nova tarifa. A maior parte dos itens com isenção são componentes voltados à aviação civil, como peças específicas para aeronaves, que permanecerão sujeitos à tarifa básica de 10%. Entretanto, setores como proteína animal, café, etanol, máquinas e equipamentos estão entre os mais atingidos e não entraram na lista de exceções.

Segundo a CNI, a tarifa de 50% compromete contratos de longo prazo, reduz competitividade e pode inviabilizar exportações importantes para a indústria nacional. Os Estados Unidos são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e destino-chave de produtos industrializados brasileiros. Em 2024, as exportações para os EUA geraram mais de 24 mil empregos diretos e impulsionaram significativamente a produção industrial interna.

Medidas emergenciais propostas ao governo

Como resposta à nova política tarifária dos EUA, a CNI entregou ao governo federal um conjunto de oito medidas prioritárias para mitigar os impactos no curto prazo. Entre elas, estão:

  • Criação de linha emergencial de capital de giro com juros reduzidos via BNDES;

  • Prorrogação de prazos de financiamento à exportação;

  • Suspensão de tributos federais por 120 dias com possibilidade de parcelamento sem multas ou juros;

  • Pagamento imediato de ressarcimentos fiscais e elevação do Reintegra para 3%;

  • Reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE);

  • Fortalecimento da atuação contra práticas de dumping no mercado internacional.

Essas ações, segundo a entidade, são fundamentais para dar suporte às empresas exportadoras brasileiras, especialmente em um cenário de crescente insegurança comercial.

Missão empresarial aos EUA

Além da articulação com o governo brasileiro, a CNI planeja organizar uma missão empresarial aos Estados Unidos. O objetivo é sensibilizar interlocutores e parceiros norte-americanos sobre os prejuízos causados pela medida tarifária. A missão também pretende fomentar alianças comerciais e estratégias conjuntas que fortaleçam a presença brasileira no mercado americano, sem interferir diretamente nas tratativas diplomáticas entre os dois governos.

Relações bilaterais em risco

A CNI ressaltou que o comércio entre Brasil e EUA é altamente integrado e pautado em insumos industriais, o que torna qualquer elevação tarifária ainda mais nociva. Estudos da entidade mostram que 61% das exportações brasileiras para os EUA, e 56% das importações vindas de lá, são compostas por bens intermediários usados na produção industrial.

“A imposição de tarifas como essa gera uma relação de perde-perde, pois afeta tanto exportadores brasileiros quanto importadores norte-americanos. A melhor saída é o entendimento mútuo”, concluiu Ricardo Alban.

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