
O avanço da Inteligência Artificial (IA) nos negócios exige mais do que inovação técnica. Exige cultura, ética e
protagonismo humano. Ao ler o artigo de Marcelo Schunck, Diretor de Transformação Digital da Positivo,
publicado recentemente na TI Inside, encontrei uma análise precisa sobre esse cenário — e um ponto de partida
potente para reforçar uma convicção que tenho desenvolvido em minha trajetória: a IA não escala sozinha. Ela
precisa de pessoas conscientes, preparadas e ativas no centro da transformação digital.
Schunck destaca um dado emblemático: embora os investimentos em IA na América Latina devam ultrapassar
US$ 3 bilhões em 2025, apenas 20% das empresas brasileiras possuem infraestrutura adequada para lidar com
cargas intensivas de IA. Mas o desafio vai além da tecnologia. O que realmente falta é uma cultura
organizacional capaz de sustentar essa transformação.
Minha tese se conecta diretamente a esse ponto: não adianta escalar máquinas se não formos capazes de
escalar a consciência humana. O protagonismo das lideranças, das equipes técnicas e de cada colaborador é
o que garante que a IA seja um instrumento de valor — e não uma nova camada de risco ou alienação.
Cibersegurança: onde falha a cultura, cresce o risco:
Ao trazer a questão da cibersegurança para o centro do debate, o artigo reforça a urgência de desenvolver
organizações mais resilientes — não só tecnicamente, mas também em termos de comportamento. Os ataques
com deepfakes aumentaram 300% em 2024, segundo o IDC. Em 2025, 30% dos incidentes críticos deverão
ocorrer por manipulação de datasets. A resposta precisa ir além da tecnologia: precisamos formar pessoas com
senso crítico, responsabilidade digital e preparo para lidar com a complexidade dos novos riscos.
Mesmo com soluções de IA avançadas na ciberdefesa — como XDR e SIEM de nova geração —, 88% das falhas
ainda têm origem no fator humano. Isso reforça a tese central: sem cultura, não há segurança; sem pessoas
preparadas, não há transformação sustentável.
Infraestrutura inteligente só se sustenta com governança:
O artigo de Schunck também traz bons exemplos sobre infraestrutura eficiente: do uso de GPUs especializadas
e resfriamento líquido ao equilíbrio entre nuvem privada e data center local. Mas mesmo a melhor arquitetura
será frágil se não houver uma governança robusta — tanto na gestão de dados quanto na integração com APIs e
modelos de IA externos.
Isso nos leva de volta à cultura: o que sustenta a resiliência digital não é apenas o hardware, mas o mindset.
Protagonismo humano: o verdadeiro motor da transformação.
Ao utilizar o artigo de Schunck como referência, busco aprofundar uma perspectiva complementar: a
escalabilidade da IA depende, antes de tudo, de pessoas preparadas para lidar com ética, ambiguidade e
responsabilidade. Isso exige:
• Investimento em formação contínua;
• Fortalecimento de uma cultura de segurança e confiança;
• Revisão dos modelos de liderança para que sejam mais inclusivos, conectados e conscientes.
Segundo os dados do próprio artigo, empresas que investem continuamente na capacitação de seus
profissionais têm até 70% menos incidentes críticos. Isso é mais do que estatística — é evidência de que o
diferencial competitivo do futuro não será técnico, mas humano.
A IA pode ser o motor da inovação. Mas a direção — essa continua sendo humana. E é a partir dessa consciência
que construiremos organizações verdadeiramente resilientes, éticas e sustentáveis.