
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou recentemente a criação de um grupo de trabalho voltado a fortalecer a indústria de defesa no Brasil. Essa iniciativa, liderada pelo Conselho Temático da Indústria de Defesa (Condefesa), tem como objetivo elaborar uma agenda integrada entre governo, setor produtivo e academia — o modelo da “tríplice hélice” — para promover a inovação, fomentar exportações e garantir maior competitividade tecnológica nacional.
Durante uma reunião em Brasília, o presidente do Condefesa, Glauco Côrte, explicou que o grupo virá com estudos detalhados sobre os desafios e oportunidades do setor de defesa e segurança no Brasil. A expectativa é sinalizar prioridades estratégicas, especialmente em financiamento, previsibilidade orçamentária e políticas de incentivo às exportações.
Segundo os participantes, o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) está diretamente associado à geração de empregos, inovação tecnológica e ganhos para toda a cadeia produtiva. Estima‑se que esse segmento representa cerca de 3,6% do PIB nacional e emprega aproximadamente 2,9 milhões de pessoas, entre empregos diretos e indiretos.
A cooperação entre CNI e Ministério da Defesa já envolve a realização de estudos, pesquisas e eventos que buscam preencher lacunas de dados sobre o setor, incluindo mapeamento da cadeia produtiva, estrutura do mercado de trabalho, impacto social e identificação de tecnologias estratégicas. Esse trabalho deverá fornecer embasamento técnico para decisões políticas e apoio à expansão de capacidades industriais críticas.
Ao longo de 2025, esse mesmo conselho tem promovido debates sobre o uso estratégico de tecnologias como inteligência artificial, sensores e sistemas autônomos, além de incentivar o desenvolvimento de áreas como satélites, veículos lançadores e sistemas de radar. Tais discussões se alinham à missão da Nova Indústria Brasil de fortalecer cadeias de alto valor tecnológico e promover a soberania econômica do país.
O Condefesa também enfatiza a importância de criar mecanismos duradouros para apoio à indústria de defesa, como linhas de financiamento especiais, compras governamentais previsíveis e políticas de contrapartidas tecnológicas que estimulem a inserção internacional da indústria nacional.
Com esse grupo de trabalho, a CNI pretende consolidar uma política nacional robusta para a indústria de defesa, colocando o Brasil em posição de maior autonomia tecnológica e capacidade exportadora, e contribuindo decisivamente para a segurança e desenvolvimento estratégico do país.