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Brasil dá o primeiro passo rumo à independência em ímãs de terras raras

MagBras, de R$ 73 milhões, pretende estruturar cadeia produtiva nacional e reduzir dependência da China

O Brasil lançou oficialmente em julho de 2025 o Projeto MagBras – Da Mina ao Ímã, que envolve investimento de R$ 73,3 milhões e reúne 28 empresas e instituições com o objetivo de criar uma cadeia produtiva completa de ímãs permanentes à base de terras raras.

A iniciativa, que já opera parcialmente no CIT SENAI ITR – Instituto de Terras Raras, em Lagoa Santa (MG), prevê a produção inicial de ímas de Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB) usados em setores estratégicos como mobilidade elétrica, energia renovável, defesa e eletrônicos.

Estrutura tecnológica e metas de produção

O laboratório em Minas Gerais, adquirido em 2023 pela FIEMG e pelo Senai por R$ 35 milhões, possui capacidade para fabricar 100 toneladas de ímãs ao ano, com meta de 5 toneladas até dezembro de 2025 e expansão gradual para 8 toneladas em 2026, podendo chegar a até 200 toneladas conforme a demanda.

O projeto será um catalisador para pesquisa e desenvolvimento, com foco também na reciclagem de óxidos de terras raras por meio de parcerias como a joint venture Viridion, que entregou os primeiros materiais reciclados no Hemisfério Sul em maio de 2025.

Contexto estratégico e vantagens para o Brasil

Com a terceira maior reserva mundial de terras raras, o Brasil busca reduzir sua dependência da China, que domina hoje 90% do mercado mundial desses materiais. A produção local de ímãs permanentes permite agregar valor na cadeia, gerar autonomia tecnológica e fortalecer a participação do país no cenário global.

O esforço do MagBras é complementado por um consórcio maior que envolve universidades, centros de pesquisa e instituições técnicas — como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), parte de um INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) focado em materiais magnéticos avançados, que prevê R$ 10,2 milhões em investimento para formação de especialistas e desenvolvimento de ímãs de alta performance.

Desafios regulatórios e ambientais

Apesar do potencial, o projeto enfrenta entraves regulatórios e jurídicos. Especialistas apontam que o licenciamento ambiental ainda é complexo, especialmente em áreas que coincidem com territórios tradicionais ou indígenas, o que traz insegurança para investidores estrangeiros ou privados.

Para superar essas barreiras, o MagBras opera como projeto demonstrador, com a meta de demonstrar viabilidade técnica e econômica até 2027, visando atrair novos recursos e consolidar o setor nacional para minerais estratégicos.

Perspectivas futuras

A aposta no MagBras representa um movimento estratégico para que o Brasil se torne um player global na indústria de ímãs de terras raras, reduzindo a dependência de fornecedores asiáticos e agregando valor em suas reservas minerais.

O sucesso do projeto depende da expansão da capacidade produtiva, da consolidação de uma política industrial clara e da superação de entraves regulatórios. A formação de recursos humanos qualificados e parcerias científicos‑industriais será outro pilar fundamental para que o país avance rumo à autonomia tecnológica.

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