
Em 2024, o Brasil registrou 168 milhões de pessoas com 10 anos ou mais conectadas à internet, o equivalente a 89,1% da população nessa faixa etária. Os dados são da PNAD Contínua – módulo de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) –, divulgada pelo IBGE. O celular segue como o principal meio de acesso, usado por 98,8% dos internautas. Na sequência aparecem televisão (53,5%), microcomputador (33,4%) e tablet (8,3%).
A principal mudança observada entre 2023 e 2024 foi o crescimento do uso da TV (+3,7 pontos percentuais) e do tablet (+0,7 p.p.) como dispositivos de acesso, enquanto o uso do microcomputador caiu 0,8 p.p., atingindo seu menor índice histórico.
Apesar da queda geral no uso de computadores, entre estudantes de ensino superior ou pós-graduação, o acesso via PC ainda é alto: 77,4% na rede pública e 77,5% na privada. Já o acesso pela televisão cresceu de 11,3% (2016) para 53,5% em 2024, um salto que reflete o avanço das plataformas de streaming.
Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, a TV passou a ser um canal relevante de navegação: “Esse crescimento reflete a consolidação de novas formas de consumo de conteúdo digital. Já o computador, apesar da queda, ainda tem papel importante no meio acadêmico.”
A desigualdade no acesso por raça vem diminuindo. Em 2024, 90% dos brancos acessaram a internet, contra 88,4% dos pretos e 88,6% dos pardos. Em 2016, essa diferença era mais expressiva: 72,6%, 63,9% e 60,3%, respectivamente.
Entre os idosos (60+), o uso da internet saltou de 44,8% (2019) para 69,8% (2024), o maior crescimento entre todas as faixas etárias. A faixa entre 50 e 59 anos também teve avanço significativo: de 74,4% para 89,9%.
Estudantes também estão cada vez mais conectados. Em 2024, 92,4% deles usaram a internet, com 97% de cobertura na rede privada e 90% na pública. O uso diário é predominante: 95,2% dos usuários acessam a internet todos os dias.
As principais finalidades de uso em 2024 foram: chamadas de voz ou vídeo (95%), troca de mensagens por apps (90,2%), assistir vídeos (88,5%), uso de redes sociais (84,2%) e ouvir músicas ou podcasts (83,5%). O uso para acesso a bancos foi a categoria que mais cresceu, passando de 60,1% (2022) para 71,2% (2024), um aumento de 22 milhões de usuários.
O acesso gratuito à internet também cresceu. Em 2024, 10,5% da população acessou a rede em locais públicos como escolas e bibliotecas. Entre os estudantes da rede pública, 34,3% se conectaram nesses espaços, com destaque para o ensino superior, onde esse número chegou a 52,3%.
Apesar da ampla digitalização, 10,9% da população ainda não utiliza a internet. Os principais motivos são: não saber usar (45,6%), não ver necessidade (28,5%) e questões econômicas (10,9%). Entre idosos, a falta de conhecimento é o principal empecilho (66,1%), enquanto entre crianças, a preocupação com privacidade e segurança se destaca (22,5%).
Gustavo destaca que o receio com privacidade tem crescido especialmente entre os mais jovens e estudantes, revelando uma preocupação maior dos responsáveis. Já as limitações financeiras vêm perdendo peso como justificativa para o não uso da internet.
Desde 2016, o IBGE acompanha anualmente o acesso à internet, televisão e posse de celular para uso pessoal no Brasil, com recortes detalhados por idade, raça, escolaridade, localização e rede de ensino. Os dados ajudam a mapear a inclusão digital e orientar políticas públicas.