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China lança supercomputador de IA no espaço e lidera corrida tecnológica orbital

Constelação “Three-Body” marca nova era da inteligência artificial fora da Terra e amplia poder estratégico do país

A China acaba de colocar em órbita o que pode ser considerado o primeiro supercomputador espacial com inteligência artificial em escala, dando início a uma nova etapa na corrida tecnológica global. Com esse avanço, o país assume a dianteira na aplicação de IA no espaço e amplia suas capacidades científicas, comerciais e militares fora da Terra.

O sistema, batizado de “Three-Body” (ou “Três Corpos”), é composto por uma constelação de satélites interconectados, capazes de operar de forma colaborativa como uma poderosa rede de supercomputação. O projeto prevê o lançamento de até 2.800 satélites nos próximos anos. A primeira leva, enviada em maio, conta com 12 unidades.

Cada satélite funciona como uma célula computacional autônoma, equipada com modelos de IA com 8 bilhões de parâmetros e capacidade de 744 TOPS (tera operações por segundo). Interligados por feixes de laser de 100 Gbps, os satélites já somam 5 POPS (peta operações por segundo) de desempenho conjunto, com meta de alcançar 1.000 POPS.

Além disso, o sistema conta com 30 terabytes de armazenamento distribuído, opera com energia solar e se beneficia do resfriamento natural no ambiente espacial — reduzindo custos e emissões de carbono.

Processamento orbital: IA autônoma além da Terra

Para analistas, a constelação representa um divisor de águas: menos de 10% dos dados captados no espaço são enviados à Terra, o que limita a análise em tempo real. Com o processamento direto em órbita, torna-se possível responder instantaneamente a fenômenos naturais, ameaças militares ou eventos cósmicos extremos.

A aplicação científica também é robusta. Os satélites carregam instrumentos como polarímetros de raios X, que permitem investigar explosões de raios gama e outros fenômenos do universo com alta precisão — tudo processado no próprio espaço, sem depender de centros terrestres.

Liderança em IA e implicações militares

O projeto é liderado pela ADA Space, em parceria com o Zhejiang Lab, instituto de pesquisa da província de Sichuan. À frente está o cientista Wang Jian, ex-diretor da Alibaba Cloud, que destacou: “Não podemos deixar a inteligência artificial faltar no espaço”.

O impacto geopolítico também é expressivo. De acordo com especialistas ouvidos pela Bloomberg, o supercomputador orbital pode ser utilizado para detecção antecipada de ameaças, operações autônomas, vigilância estratégica e ações cibernéticas avançadas.

Corrida espacial digital ganha novo fôlego

Embora EUA e Europa tenham realizado testes com computação orbital, o sistema chinês é o primeiro a operar em escala real. Ele inaugura uma infraestrutura digital autônoma no espaço, integrando IA, armazenamento e computação sem depender do solo terrestre.

Outras empresas, como a Longshot — apoiada por Sam Altman, CEO da OpenAI —, também estão investindo nessa nova fronteira. Já a SpaceX, de Elon Musk, anunciou planos para desenvolver seus próprios chips voltados à computação espacial.

Com a constelação “Three-Body”, a China consolida sua posição como protagonista global em inteligência artificial orbital, marcando o início de uma nova era na exploração e militarização do espaço.

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