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Exportações da China crescem 5,8% em junho impulsionadas por demanda global e trégua nas tarifas dos EUA

China registra alta nas exportações apesar da queda nas vendas para os EUA; negociações comerciais e avanços em terras raras fortalecem perspectivas econômicas.

As exportações da China cresceram 5,8% em junho na comparação anual, superando as previsões dos economistas, graças a remessas robustas para mercados fora dos Estados Unidos e à suspensão temporária das tarifas americanas, que ajudou a conter a queda nas exportações para os EUA.

Segundo dados alfandegários divulgados na segunda-feira, as importações chinesas aumentaram 1,1% em relação ao ano anterior, marcando a primeira alta do ano, apesar de ficarem abaixo das expectativas de 1,3%. Esse resultado reflete uma reversão da tendência de queda devido à demanda interna ainda fraca.

Embora as exportações para os EUA tenham caído pelo terceiro mês seguido, com uma retração de 16,1% em junho, a queda foi menos intensa em comparação a maio, influenciada pela trégua nas tarifas comerciais. As importações provenientes dos EUA também recuaram, porém em ritmo menor.

As remessas para países do Sudeste Asiático subiram 16,8% e para a União Europeia, 7,6%, enquanto as importações dessas regiões permaneceram praticamente estáveis.

No primeiro semestre, as exportações chinesas cresceram 5,9% e as importações diminuíram 3,9%, resultando em um superávit comercial de quase US$ 586 bilhões — um aumento de quase 35% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Economistas alertam que o ritmo das exportações pode desacelerar diante das incertezas sobre as tarifas impostas pelos EUA. Segundo Zichun Huang, economista da Capital Economics, as tarifas devem permanecer elevadas, limitando a capacidade dos fabricantes chineses de ampliar sua participação no mercado global por meio de preços mais baixos.

A recuperação das importações é parcialmente atribuída a uma base de comparação menor e ao efeito da trégua comercial, que reativou a demanda por produtos americanos.

Após a divulgação dos dados, o índice CSI 300 da China teve alta de 0,22%.

Recentemente, Pequim e Washington avançaram nas negociações durante reuniões em Londres e na Suíça, com acordos para retomar exportações estratégicas, como as de terras raras, e aliviar restrições a produtos tecnológicos.

Em junho, as exportações chinesas de terras raras bateram recorde, crescendo 60,3%, enquanto as importações do setor caíram 13,7%.

As exportações de aço também avançaram mais de 10%, mesmo diante de barreiras comerciais de EUA, UE, Vietnã e Índia. Outros setores como circuitos integrados, automóveis e construção naval também registraram crescimento expressivo.

Por outro lado, as tarifas impostas pelo governo Trump, que chegaram a 145% sobre produtos chineses, resultaram em retaliações e medidas punitivas da China, gerando tensões comerciais que se refletem no comércio bilateral.

Embora a trégua de 90 dias iniciada em maio tenha aliviado o conflito, acusações mútuas sobre o cumprimento das promessas permanecem, e as negociações seguem delicadas.

Especialistas indicam que as fortes exportações chinesas ajudam a compensar a fraca demanda interna, mantendo o crescimento econômico próximo à meta oficial de 5% no segundo trimestre. O PIB do país deve crescer 5,1% neste período, segundo estimativas, mas a perspectiva para o segundo semestre ainda é incerta.

Autoridades chinesas reforçam o compromisso com os acordos firmados e ressaltam a importância de ações concretas para sustentar o diálogo com os EUA.

Enquanto isso, os Estados Unidos ampliam negociações comerciais com outros parceiros, impondo tarifas mais altas para restringir transbordos que contornam as barreiras tarifárias à China. As exportações da China para o Vietnã, rota comum para esses transbordos, cresceram quase 24% em junho.

Além disso, os EUA ameaçam taxar em 10% importações de países alinhados às políticas dos BRICS consideradas “antiamericanas”, o que pode gerar novas tensões diplomáticas.

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