
Em um mercado saturado por streamings, blockbusters e franquias recicladas, a Apple decidiu acelerar fundo e fazer uma aposta ousada: financiar F1, filme estrelado por Brad Pitt e ambientado no universo da Fórmula 1, com estreia global prevista para junho de 2025. E mais do que bancar a produção, a gigante de Cupertino está usando o projeto como vitrine para uma ambição clara — transformar o Apple TV+ em sinônimo de conteúdo premium, tanto no streaming quanto nas telonas.
Um filme, várias estratégias
Com direção de Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick), produção de Jerry Bruckheimer e envolvimento direto do multicampeão Lewis Hamilton, F1 é mais do que um filme sobre carros velozes. Ele representa um novo modelo de atuação da Apple no setor audiovisual: uma produção com cara de blockbuster, lançada primeiro nos cinemas em parceria com a Warner Bros, e só depois integrada ao seu serviço de streaming.
Segundo a imprensa internacional, o investimento da Apple gira em torno de US$ 140 milhões — valor que cobre aquisição de direitos, produção e parte do marketing. É dinheiro de estúdio tradicional, não de plataforma digital. E esse é o ponto: a Apple está jogando em outro campeonato.
Cinema como palco de influência
O lançamento de F1 nas salas de cinema não é apenas uma jogada comercial. Trata-se de uma declaração de posicionamento. Ao estrear nos cinemas, a Apple se aproxima da lógica dos grandes estúdios — algo que a diferencia de plataformas como Netflix, que priorizam o streaming direto. Isso também serve para:
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Alavancar bilheterias (especialmente com nomes como Brad Pitt);
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Gerar buzz cultural, algo que streamings ainda lutam para conseguir;
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Concorrer ao Oscar e outros prêmios com mais força.
Essa abordagem híbrida — cinema + streaming — pode inaugurar uma nova tendência para serviços premium. E a Apple quer liderar esse movimento.
Fórmula 1 como combustível de cultura pop
O uso da Fórmula 1 como pano de fundo é uma sacada estratégica. A popularidade da categoria cresceu exponencialmente nos últimos anos, especialmente nos EUA, impulsionada por conteúdos como Drive to Survive, da Netflix. Com isso, o filme F1 conecta duas paixões globais: velocidade e cinema. E faz isso com realismo — cenas foram gravadas em GPs reais, com carros e câmeras adaptadas para capturar a ação no calor da pista.
Marca, não apenas mídia
Mais do que audiência ou assinantes, o objetivo da Apple é fortalecer o posicionamento de marca. O que está em jogo é ser percebida como criadora de experiências sofisticadas, inovadoras e relevantes. F1 é entretenimento, sim — mas também é uma peça de branding de altíssimo impacto.
E nesse ponto, a Apple usa sua receita clássica: aliar design, tecnologia, experiência e exclusividade. O filme é um produto cultural que carrega o DNA da empresa — assim como o iPhone, o Apple Watch ou o Mac.
Para onde vamos agora?
Se F1 tiver sucesso, não apenas de bilheteria mas de percepção, a Apple pode abrir um novo caminho no mercado audiovisual: investimentos autorais, com ambição cinematográfica e impacto global, ancorados em uma lógica premium. É o tipo de movimento que pressiona concorrentes, redefine estratégias e mostra que o futuro do streaming talvez passe novamente pela velha sala escura do cinema.
Afinal, quando a Apple entra em um setor, ela não entra para brincar. Entra para moldá-lo à sua imagem — e dessa vez, o que está em jogo é o entretenimento global.