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Brasil apresenta plano global para ampliar financiamento climático e mira US$ 1,3 trilhão anuais

Iniciativa “Baku a Belém” reforça papel do país como liderança ambiental e busca destravar recursos para mitigação e adaptação das mudanças climáticas

O governo brasileiro lançou um plano ambicioso que pretende ampliar o volume de recursos destinados ao financiamento climático para US$ 1,3 trilhão por ano em escala mundial. O projeto, batizado de “Roteiro de Baku a Belém”, surge como uma proposta de articulação entre países e instituições financeiras em busca de soluções concretas para o enfrentamento da crise climática.

A proposta foi construída a partir de meses de debates internacionais após a COP29, realizada no Azerbaijão, e serve como uma espécie de guia para o caminho até a COP30, que será sediada em Belém (PA), em 2025. O documento reúne uma série de recomendações voltadas a aumentar a participação de capitais públicos e privados, fortalecer doações e facilitar o acesso de países em desenvolvimento a mecanismos de crédito verde.

Entre os pontos centrais do plano estão a criação de estratégias de alívio da dívida de nações vulneráveis, maior comprometimento dos bancos multilaterais de desenvolvimento e o incentivo a instrumentos financeiros inovadores para destravar investimentos sustentáveis. A ideia é equilibrar a responsabilidade entre as grandes potências emissoras e os países mais afetados pelos impactos climáticos, reconhecendo que os recursos já existem — o que falta, segundo o governo, é vontade política para aplicá-los com urgência.

O plano chega em um momento de tensões internacionais. A União Europeia anunciou recentemente um acordo mais flexível para redução de emissões, gerando críticas de especialistas que veem um retrocesso nos compromissos ambientais. Além disso, o Reino Unido sinalizou que não pretende ampliar sua contribuição para fundos de proteção de florestas tropicais, o que causou frustração entre países em desenvolvimento e líderes ambientais.

Com a COP30 se aproximando, o Brasil tenta consolidar sua imagem de liderança global em sustentabilidade, especialmente por sediar o evento em um dos estados mais simbólicos do debate ambiental — o Pará, porta de entrada da Amazônia. O país aposta no protagonismo político e no exemplo prático de gestão verde para estimular novos compromissos financeiros e pressionar por resultados concretos.

O “Roteiro de Baku a Belém” é visto como um marco diplomático e técnico que pode redefinir as bases do financiamento climático global. Mas o sucesso da iniciativa dependerá da capacidade de transformar intenções em ações reais, garantindo que os trilhões prometidos cheguem, de fato, às regiões e comunidades que mais precisam de apoio para se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas.

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