
Diversos criadores de conteúdo de tecnologia relataram a remoção repentina de vídeos no YouTube que ensinavam métodos alternativos de instalação do Windows 11. As exclusões, classificadas pela plataforma como “atos prejudiciais”, levantaram questionamentos sobre o papel da inteligência artificial (IA) na moderação e seus impactos na liberdade de expressão técnica e educacional.
O caso ganhou destaque quando o YouTuber Rich White, conhecido como CyberCPU Tech, revelou, em 26 de outubro, que um de seus tutoriais havia sido apagado por supostamente representar “risco de causar danos graves ou até mesmo morte”. O vídeo em questão ensinava como instalar o Windows 11 25H2 utilizando uma conta local, sem vínculo com uma conta Microsoft.
White afirmou que o recurso apresentado foi negado em menos de 20 minutos, levantando suspeitas de que a análise tenha sido totalmente automatizada. No dia seguinte, outro vídeo seu — que explicava como instalar o Windows 11 em dispositivos sem suporte oficial — também foi removido com a mesma justificativa.
“Meu vídeo tinha 17 minutos e o recurso foi negado em apenas um minuto. É impossível que um ser humano tenha assistido nesse tempo”, afirmou o criador.
Outros YouTubers, como Britec09 e Hrutkay Mods, relataram experiências semelhantes. Eles destacaram a dificuldade de conseguir contato com um atendente humano, o que reforça a ideia de que as decisões foram tomadas exclusivamente por sistemas automatizados.
Embora os vídeos tratassem de temas técnicos e educativos — e não de práticas ilegais ou perigosas —, o sistema de IA do YouTube interpretou o conteúdo como potencialmente nocivo. White ironizou o caso:
“Criar uma conta local no Windows 11 não vai fazer ninguém perder um dedo.”
Ele também afirmou nunca ter recebido resposta direta de um funcionário humano do Google desde o início do processo:
“Tudo foi automatizado.”
Entre as especulações, o criador chegou a sugerir que a Microsoft poderia estar envolvida, mas depois descartou essa hipótese. A coincidência, porém, chamou atenção: poucos dias antes, a empresa de Redmond havia lançado uma atualização no Windows Insider corrigindo falhas na criação de contas locais e removido de seu site oficial tutoriais sobre instalação do sistema em PCs sem o chip TPM 2.0.
Apesar disso, White acredita que o problema está ligado a uma falha na moderação automatizada do YouTube, que estaria removendo conteúdos técnicos sem considerar o contexto. O maior temor entre os criadores, segundo ele, é o efeito inibidor causado por esse tipo de moderação:
“Muitos estão com medo de postar vídeos técnicos e educativos por receio de punição. Isso já está diminuindo o engajamento e limitando a troca de conhecimento na plataforma.”
White e outros influenciadores afirmam que não buscam confronto, mas transparência:
“Queremos apenas que o YouTube nos diga o que está acontecendo. Se foi um erro, que restaurem nossos vídeos. Se é uma nova política, que deixem as regras claras. Operar às cegas não vai funcionar.”
 
 
 
 
 


