
A capacidade global de geração de energia renovável deve mais que dobrar até 2030, impulsionada principalmente pelo avanço da energia solar fotovoltaica, segundo um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). A projeção reflete um movimento global de transição energética que vem se acelerando com o barateamento de tecnologias, políticas públicas de incentivo e metas climáticas mais ambiciosas.
Entre os principais fatores que explicam esse crescimento estão a redução de custos dos painéis solares, o aumento da eficiência tecnológica e a expansão dos programas de incentivo em países como China, Estados Unidos, Índia e membros da União Europeia. Além disso, o desenvolvimento de baterias de longa duração, hidrogênio verde e redes elétricas inteligentes está ajudando a mitigar a intermitência natural da geração solar.
Embora a energia solar seja a principal força desse avanço, outras fontes renováveis também devem crescer, como a eólica, que se beneficia de turbinas mais altas e potentes, e as hidrelétricas reversíveis, que contribuem para o armazenamento e estabilidade do sistema elétrico.
No entanto, o relatório da AIE também destaca desafios que podem retardar o ritmo dessa expansão. A instabilidade de políticas públicas, a dependência excessiva da cadeia de suprimentos concentrada na China e a falta de infraestrutura de transmissão e armazenamento estão entre os principais obstáculos. Outro ponto crítico é a necessidade de formação de mão de obra qualificada para atender à crescente demanda por profissionais nas áreas de instalação e manutenção de sistemas renováveis.
Os impactos econômicos e sociais dessa transformação são amplos. A expansão das energias limpas deve gerar milhões de empregos, estimular a inovação tecnológica e reduzir custos de eletricidade, tornando o acesso à energia mais acessível para consumidores residenciais e industriais. Além disso, a diversificação da matriz energética fortalecerá a segurança energética global, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e importações.
No Brasil, o cenário é igualmente promissor. O país reúne um dos maiores potenciais solares do mundo e já observa avanços significativos na geração distribuída. Contudo, ainda enfrenta entraves como a burocracia para licenciamento e a necessidade de expansão da rede de transmissão para regiões mais afastadas dos centros urbanos.
A projeção da AIE mostra que a próxima década será decisiva para consolidar um novo modelo energético global — mais limpo, eficiente e sustentável. A energia solar, em especial, desponta como protagonista dessa mudança, capaz de transformar não apenas o setor elétrico, mas também a economia e o modo como o mundo produz e consome energia.