
A política do governo Trump para eliminar a dependência dos Estados Unidos de fábricas estrangeiras de chips segue como prioridade estratégica, mas sua abordagem rígida e “tudo ou nada” gera preocupações entre especialistas do setor. Enquanto a administração Biden havia incentivado a produção doméstica por meio de subsídios federais e isenções fiscais, a filosofia atual é vista como uma tática de imposição direta, buscando concessões das empresas sem considerar plenamente a complexidade da indústria global de semicondutores.
O impacto já é visível: os EUA adquiriram 10% da Intel por meio de um acordo de capital de US$ 8,9 bilhões, utilizando fundos da Lei CHIPS e do programa Secure Enclave. Ao mesmo tempo, a ameaça de tarifas elevadas levou a TSMC, maior fabricante mundial de chips, a anunciar US$ 165 bilhões em investimentos nos EUA.
Desafios da meta de produção 1:1
O governo americano avalia agora exigir que empresas de tecnologia fabriquem um chip nos EUA para cada chip importado, sob a ameaça de tarifas de até 100%. No entanto, especialistas alertam que a meta de equilíbrio 1:1 entre produção doméstica e importações esbarra na realidade: cerca de 90% dos chips de ponta são produzidos pela TSMC, principalmente em Taiwan, cuja soberania é foco de tensões geopolíticas.
A expansão da TSMC nos EUA e a produção da Intel 18A em suas fábricas no Arizona avançam, mas a construção de uma fundição de ponta leva anos. Além disso, migrar chips para novos nós de processo é caro e complexo, exigindo centenas de milhões de dólares e anos de desenvolvimento.
Enquanto empresas como Intel, Apple, Nvidia e AMD já firmaram compromissos com a TSMC nos EUA, outras companhias enfrentarão desafios significativos para atender às exigências de fabricação doméstica e evitar tarifas adicionais.
A estratégia de Trump, portanto, coloca a indústria americana de semicondutores diante de um dilema: expandir rapidamente a produção interna ou arcar com custos altos e atrasos na adaptação a novas políticas de importação.