
Pesquisadores do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano) da UFMG desenvolveram uma solução inovadora que promete aumentar a resistência e a vida útil das correias transportadoras utilizadas na mineração e na construção civil. O estudo, publicado no Journal of Applied Polymer Science, mostra que a incorporação de nanotubos de carbono (CNTs) na borracha pode reduzir em até 27% o desgaste dessas esteiras, impactando positivamente nos custos operacionais e na sustentabilidade dos processos industriais.
As correias transportadoras enfrentam desafios diários como abrasão, impacto e rasgos, que comprometem sua durabilidade e aumentam os custos de manutenção. Para combater esses problemas, a pesquisa testou a adição de CNTs em duas formulações de borracha: uma simplificada, de laboratório, e outra comercial, já utilizada em esteiras de mineração. Além disso, foi desenvolvida uma técnica de pré-dispersão dos nanotubos nos componentes da borracha durante o processo de vulcanização, melhorando sua distribuição e eficiência como reforço.
Nos testes realizados, a formulação de laboratório apresentou um aumento de até 365% na resistência à tração da borracha, além de melhorias no alongamento e resistência ao desgaste. Já na borracha comercial, a adição de nanotubos de carbono reduziu em até 27% a perda de volume em testes de abrasão, sem comprometer outras propriedades mecânicas. Os resultados indicam que os CNTs podem proporcionar um “ajuste fino de propriedades” em borrachas já altamente reforçadas, prolongando a vida útil das esteiras e reduzindo custos de operação e manutenção.
A pesquisa também evidencia o papel da nanotecnologia em aplicações industriais complexas, destacando o desafio de garantir a compatibilidade dos CNTs com outros aditivos amplamente usados na borracha, como negro de fumo e sílica. Superar essas barreiras abre caminho para equipamentos industriais mais duráveis, eficientes e sustentáveis, colocando Belo Horizonte e Minas Gerais na vanguarda do desenvolvimento de nanomateriais.
O CTNano, localizado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), é um centro de inovação dedicado ao desenvolvimento de produtos, processos e serviços baseados em nanotecnologia, com ênfase em nanotubos de carbono e grafeno. O centro atua como ponte entre a pesquisa acadêmica e as necessidades da indústria, oferecendo infraestrutura e equipamentos de ponta para atender projetos desde a síntese de nanomateriais até a caracterização e transferência tecnológica.
Essa inovação representa um avanço significativo na busca por soluções mais eficientes e sustentáveis para a indústria pesada, com potencial para transformar a forma como os materiais são utilizados e mantidos.