
A indústria brasileira de madeira processada mecanicamente enfrenta uma crise sem precedentes após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, sob o governo Donald Trump. Desde o anúncio das medidas, em julho de 2025, até meados de setembro, cerca de 4 mil trabalhadores foram demitidos no país, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
O número representa aproximadamente 2% do total de empregos formais do setor, que emprega 180 mil pessoas no Brasil. Além disso, outras 5,5 mil pessoas estão em férias coletivas e cerca de 1,1 mil em regime de lay-off, aguardando uma possível retomada da produção.
As exportações para os Estados Unidos respondiam por 50% da produção nacional. Com as tarifas, houve uma queda brusca nas vendas externas: entre 35% e 50% de redução nos embarques, de acordo com o tipo de produto.
Sul do país concentra impacto
Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, principais polos madeireiros do Brasil, são os mais atingidos pela crise. Neles, estão concentradas as fábricas e empregos que dependem fortemente do mercado americano.
Governo anuncia plano de contingência
Para tentar reduzir os danos, o governo federal anunciou medidas emergenciais, como:
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linhas de financiamento específicas;
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adiamento do pagamento de tributos;
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ressarcimento ampliado de créditos tributários;
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ajustes nas garantias para exportações.
Apesar disso, empresários alertam que, se o cenário tarifário não mudar, mais 4,5 mil postos de trabalho podem ser perdidos até novembro, o que praticamente dobraria o número atual de demissões.
Críticas e incertezas
A Abimci critica a postura do governo brasileiro nas negociações internacionais, alegando falta de ação para reverter ou suavizar as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Para o setor, a medida americana gera insegurança sobre contratos futuros e dificulta o planejamento de investimentos.
Especialistas também alertam para a necessidade de diversificação de mercados, já que a forte dependência do setor em relação aos EUA torna a indústria mais vulnerável a mudanças de política externa.